Por Eduardo Baptista
RIO DE JANEIRO (Reuters) – O presidente chinês Xi Jinping anunciou uma série de medidas destinadas a apoiar o “Sul Global” em uma reunião de líderes do G20 no Rio de Janeiro, disse a televisão estatal chinesa CCTV nesta segunda-feira.
Em seus primeiros comentários na Cúpula do G20, grupo das 20 maiores economias do mundo, Xi afirmou que a China deve apoiar o desenvolvimento global com oito ações, incluindo a construção de uma Iniciativa Cinturão e Rota de “alta qualidade”, seu principal plano de política externa que direciona grandes investimentos chineses para projetos de infraestrutura no mundo em desenvolvimento.
Ele também anunciou que a China, ao lado do Brasil, da África do Sul e da União Africana, está lançando uma “Iniciativa de Cooperação Internacional de Ciência Aberta”, destinada a canalizar inovações científicas e tecnológicas para o Sul Global.
“A China apoia o G20 na realização de cooperação prática para o benefício do Sul Global”, disse Xi, de acordo com a agência de notícias estatal Xinhua, acrescentando que as importações da China de países em desenvolvimento devem chegar a 8 trilhões de dólares até 2030.
“A China sempre foi um membro do ‘Sul Global’, um parceiro confiável e de longo prazo dos países em desenvolvimento, e um ativista e executor em apoio ao desenvolvimento global”, acrescentou Xi.
“A China não busca ser um ator único, mas espera que 100 flores desabrochem e que ela trabalhe lado a lado com um grande número de países em desenvolvimento para alcançar a modernização.”
O foco dado por Xi ao Sul Global ocorre em um momento em que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e seus pares de economias em desenvolvimento pressionam por um papel mais central em negociações multilaterais.
Os líderes brasileiro e chinês se reunirão em Brasília na quarta-feira, quando Xi encerrará sua estadia no Brasil com uma visita de Estado.
O Brasil deu passos largos para elevar as vozes do Sul Global ao insistir que a União Africana deveria ser um membro formal do G20, citando o exemplo da União Europeia. A UA participa plenamente do G20 deste ano em nome das nações africanas.
Embora a ascensão do Sul Global no G20 tenha causado certo desconforto entre os países mais ricos, ela representa uma oportunidade para a China, devido aos seus estreitos laços econômicos e políticos com a maior parte do mundo em desenvolvimento, especialmente na África, onde é um importante credor.
O G20 foi lançado após a crise financeira de 2007-08 para incluir importantes economias emergentes em negociações que estavam confinadas ao Grupo dos Sete países industrializados e tornou-se um local importante para a cooperação econômica e financeira.
Ele representa cerca de 85% do PIB global, mais de 75% do comércio global e cerca de dois terços da população mundial.
O conceito de Sul Global surgiu para designar países em desenvolvimento, emergentes ou de baixa renda, principalmente no hemisfério sul, e substituir o termo “Terceiro Mundo” após a Guerra Fria de 1945-90.
(Reportagem de Eduardo Baptista no Rio de Janeiro)