A Ford planeja cortar quase 4 mil empregos na Europa nos próximos três anos, cerca de 14% de sua força de trabalho na região, já que a montadora enfrenta uma demanda cada vez menor por veículos elétricos e uma concorrência crescente da China.
A empresa norte-americana disse nesta quarta-feira (20) que os cortes seriam concluídos até o final de 2027, aguardando consultas com sindicatos, sendo concentrados na Alemanha e no Reino Unido.
“A indústria automobilística global continua em um período de ruptura, especialmente na Europa, onde a indústria enfrenta ventos contrários competitivos, regulatórios e econômicos sem precedentes”, disse a Ford em um comunicado.
Dave Johnston, vice-presidente europeu de transformação e parcerias da Ford, acrescentou: “É fundamental tomar medidas difíceis, mas decisivas, para garantir a competitividade futura da Ford na Europa”.
As montadoras globais estão sob pressão devido às vendas fracas e à intensa concorrência da China, onde os fabricantes de veículos elétricos estão conquistando participação de mercado dos rivais ocidentais, que tradicionalmente dominam o maior mercado de automóveis de passeio do mundo.
O negócio de veículos de passeio da Ford sofreu perdas significativas na Europa nos últimos anos. Como outras montadoras, a companhia teve que cortar os preços de seus EVs, que têm sido muito deficitários, e reduziu as metas de produção de EVs.
No ano passado, a empresa disse que cortaria cerca de 4,9 mil empregos em toda a Europa.
Nesta quarta-feira (20), a Ford disse que ajustaria ainda mais a produção de seus novos modelos Explorer e Capri na Europa, resultando em dias úteis mais curtos para os funcionários, “devido à fraca situação econômica e à demanda menor do que o esperado por carros elétricos”.
O diretor financeiro da Ford, John Lawler, escreveu recentemente uma carta ao governo alemão pedindo medidas para melhorar as condições de mercado para as montadoras.
“O que nos falta na Europa e na Alemanha é uma agenda política clara e inconfundível para promover a mobilidade elétrica, como investimentos públicos em infraestrutura de carregamento, incentivos significativos para ajudar os consumidores a fazer a mudança para veículos eletrificados, melhorando a competitividade de custos para os fabricantes e maior flexibilidade no cumprimento das metas de conformidade de CO2”, disse Lawler.
A notícia dos cortes da Ford veio poucas semanas depois que a Volkswagen disse que cortaria o pagamento dos funcionários em 10% para proteger empregos e salvaguardar o futuro da empresa.
A montadora alemã planeja fechar pelo menos três fábricas em seu país de origem e demitir dezenas de milhares de funcionários enquanto luta contra um mercado de carros fraco na Europa e uma perda acentuada de participação de mercado na China.
Mais cedo, os trabalhadores da Volkswagen disseram que estariam preparados para abrir mão de aumentos salariais totalizando € 1,5 bilhão (US$ 1,6 bilhão) se os executivos da empresa se comprometessem a não fechar nenhuma fábrica e concordassem em sacrificar uma parte de seus bônus.