O pacote fiscal anunciado pelo governo pode afetar o setor produtivo, afirmou Flavio Roscoe, presidente da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), em entrevista ao CNN Money.
“Toda vez que o gasto público não é cortado na dimensão, o que acontece é instabilidade no mercado financeiro e aumento dos juros. Se o juro vai crescer, a capacidade de investir no setor produtivo cai, a despesa das empresas aumentam e ocorre uma retração no mercado, o que impacta drasticamente o setor produtivo”, disse Roscoe.
Ele aponta que quando se fala em aumento de impostos, quem acaba pagando a conta é também o setor produtivo.
“Já se tributa muito alto o imposto de renda das empresas. Se taxar dividendos vai ser uma bitributação. Vai gerar um desincentivo em investir”, afirmou.
O presidente da Fiemg reforça a necessidade de um pacote de corte de gastos robusto, e indica que o governo mandou “sinais incoerentes” ao mercado, citando a ampliação da isenção do imposto de renda para salários de até R$ 5 mil.
O plano de Haddad foi recebido por críticas do mercado, que avalia as medidas como insuficientes para conter a dívida pública. Além disso, incomodou os investidores o anúncio da medida de renúncia fiscal em paralelo ao projeto de contenção.
Após o anúncio, o dólar reagiu fortemente e ultrapassou o patamar dos R$ 6 pela primeira vez na história.
“O governo deveria ter anunciado primeiro o pacote de gastos, explicado melhor, para daqui a alguns meses — já com o efeito da redução dos gastos — eventualmente, discorrer sobre uma renúncia fiscal. O governo falhou na estratégia de comunicação”, afirmou Roscoe.