As chuvas em Nobres, município localizado na região centro-sul de Mato Grosso, está castigando o escoamento da produção agrícola nesta safra 2024/25, além de atrapalhar a colheita. Buracos e atoleiros se formam a cada dia, levando caminhoneiros e motoristas que trafegam pelas estradas vicinais e, principalmente, a MT-240 a terem que andar a 20 quilômetros/hora.
De acordo com quem necessita trafegar pela MT-240, o problema já se arrasta há mais de uma década.
O Secretário de Obras da Prefeitura do município, Francisco Libério de Azevedo, conta ao Patrulheiro Agro desta semana que há trinta anos não tinha visto um período do ano com essa intensidade de chuvas.
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“Você acaba de fazer um serviço, recupera uma estrada, vem uma chuva de 150, 100, 200 milímetros. As estradas não aguentam, temos trabalhado o fim de semana, a noite e estamos com a equipe diuturnamente, tentando resolver os problemas. Na zona rural, nós tínhamos só quatro caminhões e o prefeito já conseguiu mais dois caminhões”, diz.
De acordo com Francisco, que assumiu a gestão da pasta este ano, o município está ajudando na manutenção de 850 quilômetros de estradas vicinais não pavimentadas, entre elas a MT-240.
O caminhoneiro Jesuíno da Silva, trafega pela via e explica que não tem como ultrapassar 20 quilômetros/hora devido a quantidade de buracos. “Se quebrar, aí está enrolado. É difícil socorrer aqui”.
Para Jaime Ruston Nobres Silva, que também é caminhoneiro, é preciso ter muita paciência uma vez que a qualquer descuido na estrada, pode gerar um prejuízo.
Nos trechos mais castigados pelo excesso de chuvas, os buracos são ainda maiores exigindo a atenção redobrada dos motoristas. Para tentar garantir o escoamento da produção, os agricultores estão ajudando na manutenção da estrada, utilizando maquinários e recursos do próprio bolso.
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Miguel Zarpelon, agricultor na região, explica que ninguém mais quer fazer frete que passa pela via devido às condições da estrada. Ele pontua que a cada ano que passa, a situação fica pior e que “estão ficando esquecidos nesse lado do município”.
Além de transtornos logísticos, a agricultora Claudia Bortolo também enfrenta dificuldade com excesso de chuvas na colheita da soja. Segundo ela, pouco mais da metade da área cultivada foi retirada do campo.
“Ontem tivemos um embarque, mas disseram pra gente que não vão vir mais pela MT-240, e o problema é que a gente fica com o nosso armazém cheio de soja. E nós ainda temos sorte que temos armazém e nem cabe toda a nossa produção, tem esse detalhe”, ressalta a agricultora.
Ela frisa que se não tiver escoamento, não tem onde guardar a soja.
“Hoje um frete para levar para Rondonópolis é R$130,00 uma tonelada, isso quando eles aceitam, hoje por exemplo era para estar cheio de nove eixos aqui embarcando soja, mas não tem ninguém, ninguém aceitou, porque o frete não compensa os transtornos que eles tem que ter para vir buscar o produto. E a soja fica ali parada com umidade, a gente não tem como secar e jogar aqui dentro porque não tem espaço aí o grão vai ardendo.”
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