O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, disse nesta terça-feira (19) que o fim da escala 6×1 vai contra a flexibilidade do mercado de trabalho. Para o chefe da autarquia monetária, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) representa um retrocesso.
Durante evento promovido pela Associação Comercial de São Paulo, Campos Neto afirmou que países mais flexíveis em suas relações de trabalho tendem a ter uma taxa de desemprego menor. Segundo o presidente do BC, a PEC proposta pela deputada Erika Hilton (Psol) se opõe à reforma trabalhista aprovada pelo Congresso Nacional.
“Acho que isso vai contra a reforma que foi feita. Grande parte da melhoria do trabalho que a gente está comemorando hoje é exatamente porque a relação do trabalho ficou mais flexível. […] Voltar atrás não vai ser bom para o empregado”, disse.
Segundo Campos Neto, caso essa PEC seja aprovada, haverá aumento do custo da mão de obra e redução da produtividade dos empregados. Para o chefe da autarquia monetária, a proposta irá causar o aumento da informalidade no mercado de trabalho.
O presidente do Banco Central já havia se posicionado contra a PEC na última segunda-feira (18), durante evento em São Paulo. Na ocasião, Campos Neto disse que vê a proposta com “muita preocupação”.
A PEC propõe o fim da jornada em que uma pessoa trabalha seis dias por semana e folga um. O texto também reduz de 44h para 36h por semana o limite máximo de horas semanais trabalhadas.
Oposição à PEC
Entidades do comércio e da indústria se posicionaram contra o fim da escala 6×1. Compartilham desse posicionamento a Confederação Nacional da Indústria (CNI), a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) e a Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg).
Para a CNI, o fim da escala 6×1 deve prejudicar principalmente as microempresas e empresas de pequeno porte. A confederação diz também que a justificativa de que a mudança de que a PEC criaria novos empregos “não se sustenta”.
A avaliação da CNC é de que a PEC, se aprovada, vai provocar o aumento do desemprego, reduzir salários e impedir novas contratações.
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