Dos cinco presos pela Polícia Federal (PF) na manhã desta terça-feira (19), três são do grupo de elite do Exército chamado “kids pretos”. Outros, que não tiveram prisão preventiva decretada, também são investigados.
“Kids pretos” é o nome dado aos militares formados pelo Curso de Operações Especiais do Exército Brasileiro, treinados para atuar em missões sigilosas e em ambientes hostis e politicamente sensíveis.
Os militares – que receberam o apelido por utilizarem gorros pretos em operações – são caracterizados como especialistas em guerra não convencional, reconhecimento especial, operações contra forças irregulares e contraterrorismo.
Os “kids pretos” podem passar pelos treinamentos intensivos em três lugares diferentes: Comando de Operações Especiais, em Goiânia, no Centro de Instrução de Operações Especiais, em Niterói, no Rio, ou podem completar a formação em Manaus, na 3ª Companhia de Forças Especiais.
Segundo o Centro de Instrução de Operações Especiais, o programa existe desde 1957 e foi inspirado no curso “Ranger”, com destaque para o Batalhão de “Special Forces”, a principal unidade de infantaria leve e força de operações especiais dentro do Comando de Operações Especiais do Exército dos Estados Unidos.
O curso tem a duração máxima de 23 semanas (em média 5 meses) e ensina táticas específicas das operações especiais, como, por exemplo, na guerra irregular e em operações contra forças irregulares, “visando a consecução de objetivos políticos, econômicos, psicossociais ou militares relevantes, preponderantemente, por meio de alternativas militares não convencionais”, explicam as informações publicadas pelo Centro de Instrução de Operações Especiais (CiOpEsp).
Essas missões podem acontecer tanto em momentos de crise ou conflito quanto em momentos de paz e regularidade institucional.
“Punhal Verde e Amarelo”
De acordo com a PF, os kids presos faziam parte do plano para matar os eleitos presidente e vice-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e Geraldo Alckmin em dezembro de 2022, após as eleições – e antes da posse.
O planejamento operacional da organização era denominado como “Punhal Verde e Amarelo”. Os assassinatos de Lula, Alckmin e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes deveriam ocorrer em 15 de dezembro de 2022, três dias após a diplomação do petista no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Eles teriam planejado os assassinatos de Lula e do então vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin (PSB), no dia 15 de dezembro de 2022. O planejamento operacional da organização era denominado como “Punhal Verde e Amarelo”.
A PF também informou que o ministro era monitorado continuamente.
A organização previa ainda a instituição de um “Gabinete Institucional de Gestão de Crise” para lidar com as consequências das ações.
A CNN tenta contato com as defesas dos presos.