O CEO do Carrefour na França, Alexandre Bompard afirmou que a rede vai deixar de comercializar carnes oriundas do Mercosul, caso seja aprovado o acordo de livre comércio com a União Europeia (UE).
O Grupo Carrefour Brasil afirma que o anúncio não tem relação com suas operações. “O Grupo Carrefour Brasil informa que nada muda nas operações no país”, afirmou a varejista em comunicado à imprensa.
A lei antidesmatamento é amplamente criticada pelos produtores e governos do Brasil e de outros países que exportam para a Europa.
Em nota oficial, o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) rechaçou a declaração de Bompard, defendendo “a qualidade e compromisso da agropecuária brasileira com a legislação e as boas práticas agrícolas, em consonância com as diretrizes internacionais”.
Em publicação feita na rede social X, nesta quarta-feira (20), Bompard diz que a varejista está atendendo a “consternação e indignação” dos agricultores do país em relação ao tratado.
Além disso, ele avalia que a comercialização desses produtos colocaria o Carrefour “sob risco de repercussões negativas no mercado francês ao comercializar carnes que foram produzidas sem cumprir com os requisitos e normas” da UE.
No caso, o executivo se refere à lei antidesmatamento do bloco, que prevê a proibição de importados de áreas que foram desmatadas a partir de 2022, mesmo não havendo restrições ao desmatamento no local.
A Comissão Europeia propôs adiar a entrada em vigor da lei antidesmatamento para o período entre o final de 2025 e metade de 2026, a fim de garantir uma implementação “suave” das medidas.
“Esperamos inspirar outros atores do setor agro-alimentar e dar impulso a um movimento de solidariedade mais larga. É através do bloqueio que podemos tranquilizar os criadores franceses de que não haverá evasão possível. No Carrefour, estamos prontos para isso, independentemente dos preços e quantidades de carne que o Mercosul nos proponha”, enfatizou Bompard.
Nota do Mapa na íntegra
O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) reitera a qualidade e compromisso da agropecuária brasileira com a legislação e as boas práticas agrícolas, em consonância com as diretrizes internacionais.
Diante disso, rechaça as declarações do CEO do Carrefour, Alexandre Bompard, quanto às carnes produzidas pelos países do Mercosul.
No que diz respeito ao Brasil, o rigoroso sistema de Defesa Agropecuária do Mapa garante ao país o posto de maior exportador de carne bovina e de aves do mundo, mantendo relações comerciais com aproximadamente 160 países, atendendo aos padrões mais rigorosos, inclusive para a União Europeia que compra e atesta, por meio de suas autoridades sanitárias, a qualidade e sanidade das carnes produzidas no Brasil há mais de 40 anos.
Vale reiterar que o Brasil possui uma das legislações ambientais mais rigorosas do mundo e atua com transparência no setor. Apresentou à União Europeia propostas de modelos eletrônicos que contemplam as etapas iniciais do Regulamento de Desmatamento da União Europeia (EUDR), demonstrando compromisso com uma produção rastreável e transparente, sendo que os modelos privados de rastreabilidade são amplamente reconhecidos e aprovados pelos mercados europeus.
O Mapa lamenta tal postura que, por questões protecionistas, influenciam negativamente o entendimento de consumidores sem quaisquer critérios técnicos que justifiquem tais declarações.
O posicionamento do Mapa é de não acreditar em um movimento orquestrado por parte de empresas francesas visando dificultar a formalização do Acordo Mercosul – União Europeia, debatido na reunião de cúpula do G20 nesta semana. O Mapa não aceitará tentativas vãs de manchar ou desmerecer a reconhecida qualidade e segurança dos produtos brasileiros e dos compromissos ambientais brasileiros.
Mais uma vez, o Mapa reitera o compromisso da agropecuária brasileira com a qualidade, sanidade e sustentabilidade dos alimentos produzidos no Brasil para contribuir com a segurança alimentar e nutricional de todo o mundo.
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