Nas mais diversas situações da vida, o ser humano não nega a sua virtude de ser solidário. Mas a escancara mesmo quando é provocado pelo risco da desgraça. Então, ele sai em socorro ao necessitado, e entrega-se de corpo e alma.
Próximo à desgraça do rebaixamento e sem ter para onde correr, por não ter time, o Athletico buscou como último recurso a solidariedade popular.
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Às vezes enganados, outras vezes desprezados pelo poder central, com seu extraordinário espírito de renúncia, os atleticanos entregaram-se ao clube. O resultado é que, em um espaço de 15 dias, todos os recordes de público, da Baixada, foram quebrados.
Os 42 mil atleticanos que foram ver a vitória de 2 a 0 sobre o Atletico Goianiense definitivamente aprenderam que, para serem solidários com esse Furacão, não basta apenas ter o corpo presente.
É preciso oferecer a alma e submeter-se ao sofrimento em toda a sua extensão.
É que o nosso Athletico não é um time de conduta confiável. É capaz de ser brilhante contra poderosos como Cruzeiro (3×0) e Atlético Mineiro (1×0), mas rústico contra o sofrível Vitória (1×2).
Contra os goianos seria um jogo complexo, escrevi.
Tornou-se mais complexo, quando a falta de comando permitiu que Di Yorio cobrasse um penalti, aos 20’. Qualquer um poderia batê-lo, menos Di Yorio, por ser medíocre, e ser a fonte da aura negativa do Furacão nesse campeonato.
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Perdendo o pênalti, o Athletico permitiu que o Dragão ficasse atrevido e passasse a dominá-lo. O goleiro Mycael e zagueiro Belezi evitaram o pior.
Quando não havia mais esperanças no primeiro tempo, ainda havia Cuello. Aos 50 minutos, em jogada pelo meio, chutou de fora da área, vencendo o goleiro Ronald, 1×0.
O segundo tempo começou dramático. Um Furacão, que por estar desorganizado, ficou perdido diante da boa conduta dos goianos. E, quando corria o risco de sofrer o empate, um velho herói renasceu: Nikão, aos 66’, recebendo a bola de Godoy, finalizou de pé direito, 2×0.
Com Zapelli e sem Di Yorio, as ações voltaram a ser equilibradas, embora o “El Mago” tenha perdido o terceiro gol com a meta vazia. Sem Thiago Heleno, expulso, o Furacão recuou. Com Fernandinho e Fernando, criou um “Domo humano” para proteger-se até o fim. E conseguiu.
E, assim, vai se escrevendo a maior manifestação de solidariedade que se tem notícia no futebol.