A despedida do Coritiba da torcida e da temporada de 2024, nesta sexta-feira (22), foi uma noite assombrosa no Couto Pereira. O clima já era desanimador antes mesmo de a bola rolar contra o Botafogo-SP, já que não valia nada e a derrota por 3 a 1 deixou o momento ainda mais cruel.
O público foi o menor do Alviverde na temporada, mas as 5.247 pessoas presentes não deixaram de demonstrar a indignação com o momento que o Coxa vem passando desde o ano passado.
Logo que o elenco se apresentou em campo para cantar o hino nacional, sob intensas vaias e xingamentos, um torcedor vestido com uma peruca gritou: “Chegaram os palhaços”. Felipe Marques, coxa-branca de 29 anos, foi quem teve a ideia de levar o acessório circense e fazer o protesto.
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Ao fim da partida, alguns poucos jogadores falaram com a imprensa sobre a temporada do Coritiba e pediram desculpas à torcida.
O clube optou por não fazer entrevista coletiva depois do jogo, e o interino Guilherme Bossle atendeu aos jornalistas das rádios na saída de campo. O head esportivo William Thomas deve convocar uma coletiva de imprensa na primeira semana de dezembro para dar explicações sobre a temporada e projetar 2025.
“Com todo mundo aqui, eu peço desculpas pelo ano do clube. A gente procurou tirar o máximo dessa semana, sei que o torcedor não vai entender. Esse era um jogo que a gente queria a casa cheia, comemorando um acesso, mas foi um jogo que não valia nada. Mas, às vezes, as coisas não passam só pelo nosso dia a dia, passam também pelo estado emocional, que nos passou durante todo campeonato”, declarou Guila.
Os jogadores também lamentaram a temporada. “É pedir desculpas para o nosso torcedor. Fizemos um ano que não conseguimos atingir os nossos objetivos, fizemos uma partida ruim, depois que a gente sofre o gol, fica difícil, perdemos a confiança. Mas é seguir trabalhando, agora é férias, teremos um ano muito difícil pela frente e que temos que conquistar os objetivos”, disse Vini Paulista, autor do único gol do Coxa.
“Não há o que esconder. É uma temporada difícil para todos. Foi difícil jogar nestas condições, mas fomos nós jogadores que nos colocamos nessa situação. É ruim, mas faz parte do futebol”, desabafou o meia português Josué Pesqueira.
Irritada, torcida do Coritiba fez chacota durante derrota
Cansados do ano difícil que o Coritiba teve, os torcedores encontraram na ironia uma forma de expressar o descontentamento com os rumos que o clube vem tomando desde a chegada da SAF, administrada pela Treecorp Investimentos, na metade de 2023.
A cada erro dos jogadores em campo, os torcedores vaiavam. Mas depois do primeiro gol do Botafogo-SP, a torcida passou a aplaudir e gritar “olé” nos diversos momentos de pressão do time visitante.
Já no segundo tempo, quando o jogo estava 3 a 0 para a equipe de Ribeirão Preto, o estádio chegou a ficar ainda mais vazio, indicando que alguns coxa-brancas desistiram de assistir ao pobre futebol praticado pelo Alviverde.
Aos 14 minutos, veio o gol de Vini Paulista e, na comemoração, as chacotas apareceram mais uma vez. “Vamos subir, Coxa”, veio um grito em coro das sociais do estádio. Depois, “ão ão ão, Pomba é seleção” e pedidos por Matheus Bianqui, meia bastante criticado pela torcida, completaram os deboches da noite.
Com a baixa adesão dos torcedores, o clube ainda demorou para divulgar o público. Aos 44 minutos, o telão exibiu que 3.927 pagantes foram ao Couto Pereira (5.247 total) com uma renda total de R$ 49.780.
Torcida organizada fez protesto
Mais uma vez, a torcida organizada Império Alviverde protestou de forma silenciosa na arquibancada, como já havia acontecido na derrota para o Santos, na 36ª rodada.
Os torcedores membros da Império entraram na arquibancada sem faixas, sem bateria e sem bandeiras. A faixa “O Coritiba está acima de tudo, respeitem nossa história” seguiu pendurada durante todo o jogo.