O colunista do CNN Money, Daniel Couri, compartilhou suas perspectivas sobre o aguardado pacote fiscal do governo. Couri enfatizou que o principal objetivo das medidas deve ser estabilizar a dívida pública brasileira.
Segundo o especialista, embora o governo tenha anunciado uma meta de economia de R$ 70 bilhões em dois anos, sendo R$ 30 bilhões no primeiro ano e R$ 40 bilhões no segundo, ainda é cedo para avaliar a precisão desses números.
“Faltam alguns dias. A gente já esperou, pra quem já esperou umas 4 semanas, a gente consegue esperar mais alguns dias pra saber as medidas”, afirmou.
Couri destacou algumas mudanças que são necessárias, como a alteração na regra de correção do salário mínimo.
“Aparentemente, vai haver uma mudança, por exemplo, na regra que corrige o salário mínimo. Então hoje o salário mínimo é corrigido pela inflação, mais o PIB de dois anos atrás e agora, aparentemente, ele vai seguir a regra do arcabouço, que é a inflação mais um crescimento ali limitado a 2,5%”, explicou o colunista do CNN Money.
Flexibilidade orçamentária
O analista ressaltou a importância de medidas que permitam o orçamento ter maior flexibilidade.
“Qualquer ministro da Fazenda, hoje, que sente na cadeira, ele vai ser instantaneamente frustrado pela rigidez que ele vai encontrar tanto do lado da receita quanto do lado da receita, por meio dos benefícios, quanto do lado da despesa”, observou.
Couri também comentou sobre a expectativa de um bloqueio adicional de R$ 5 bilhões no orçamento, anunciado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
Ele explicou que esse bloqueio é um símbolo do problema enfrentado, com o crescimento das despesas obrigatórias pressionando o limite de gastos.
Impacto na Selic e dívida pública
Quanto ao impacto do pacote fiscal na taxa Selic, Couri expressou preocupação de que as medidas possam não ser suficientes para alterar significativamente as projeções de despesa.
“Minha preocupação é que tão logo chegue o pacote, a gente perceba que, olha, tudo bem, o pacote é esse, mas isso não altera, sensivelmente, a projeção de despesa”, alertou.
O especialista enfatizou que o verdadeiro desafio é estabilizar o endividamento público, atualmente em cerca de 78% do PIB, significativamente acima da média de outros países emergentes.
“Esse pacote, a meu ver, não é suficiente para isso. Outras medidas terão que ser feitas”, concluiu Couri, destacando a necessidade de ações adicionais para conter o crescimento da dívida e aumentar a arrecadação.
Veja os 5 sinais de que as contas públicas do Brasil estão em risco