Estou diante de um dilema, que é o seguinte: houve um tempo em que, quando não tinha a quem culpar pelos fracassos do Athletico, culpava Tomás Cuello. E, de repente, veja só, estou nesse canto erguendo um pedestal para elevar o argentino ao posto de predestinado, só possível para os eleitos a executarem uma missão divina.
Seus gols contra o Atlético-MG e o Atlético Goianiense, que deram vida ao Furacão na luta contra o rebaixamento, é uma dessas missões..
Então, penso e pergunto: salvo o Furacão do rebaixamento, como Cuello entrará na história? Como foram Cabral e Taquito, nos anos setenta, com seus gols improváveis que decidiram Atletibas, ou será uma celebridade, como foi Ziquita, com seus quatro gols, em 13 minutos, contra o Colorado, naquele 5 de novembro de 1978?
+ Leia todas as colunas de Augusto Mafuz
Em 1971, o Athletico levou o poderoso Coritiba para a Baixada com seu fundo ilustrado pelos pinheiros, e Cabral fez o gol da vitória, 1 a 0. Não se tem notícia de outro gol que fez.
Mais tarde, em 1976, o saudoso Aníbal Khury, então presidente do Athletico, anunciou uma contratação bomba: Taquito, atacante vindo do Bonsucesso. Chegou pela manhã, e na noite gelada do Couto Pereira, fez o gol da vitória do Furacão, 1 a 0. Nunca mais fez gol.
+ Perfil: Ziquita, o herói do povo
Cabral e Taquito são apenas personagens de um folclore. A história de Ziquita, quem não a testemunhou, conhece-a por vídeo ou por narrações. Era um jogo eliminatório para a final do Estadual entre Atletico e Colorado, na Baixada, e os tricolores tranquilamente ganhavam de 4 a 0.
Faltando 13 minutos para terminar, o treinador rubro-negro Diede Lameiro chamou Ziquita, e ironicamente, falou, o que meu microfone filtrou: “Entre, e faça quatro gols.”
E dos 30’ aos 43’ da etapa final, Ziquita fez quatro gols. Virou lenda na Baixada.
Tomás Cuello nunca será um Alex Mineiro ou um Sicupira. Mas o molde de salvador começa a lhe cair bem para evitar o rebaixamento atleticano no Brasileirão.