O economista-chefe da Warren Investimentos, Felipe Salto, alertou que o tempo está jogando contra o governo no que diz respeito ao pacote de corte de gastos. Após cerca de uma mês de expectativas, o governo apontou que a medida será apresentada ainda nesta semana.
Em entrevista ao CNN Money nesta terça-feira (26), o economista enfatizou a necessidade de um programa de ajuste fiscal eficaz.
“É tão importante que a gente tenha logo um programa de ajuste, um plano de cortes de gastos que seja incrível, que tenha efeitos rápidos, mas que também mire na sustentabilidade da dívida pública a médio e longo prazo”.
O economista explicou que um pacote bem elaborado pode acalmar os mercados, ajudar a reduzir a pressão sobre o dólar e, consequentemente, sobre a inflação e os juros.
No entanto, ele reconheceu os desafios políticos envolvidos. “Não é fácil fazer cortes de despesa, são sempre questões sensíveis, e aí o convencimento político é muito importante”.
O economista-chefe da Warren também analisou o cenário econômico atual, abordando temas como inflação e a taxa de juros.
O Índice de Preços ao Consumidor Amplo – 15 (IPCA-15) acelerou 0,62% neste mês, ante alta de 0,54% em outubro. No acumulado de 12 meses, o indicador foi a 4,77% – se mantendo acima do teto da meta da inflação.
O Banco Central persegue meta de 3% neste ano e nos próximos, com margem de 1,5 ponto para cima ou para baixo.
“De certa forma, surpreendeu. É um dado negativo e preocupa, mas não é motivo isoladamente para imaginar uma mudança na diretriz da política monetária”, disse Salto.
O economista ressaltou a importância da taxa de câmbio nesse contexto, destacando que o dólar pressionado tem impacto na inflação.
Cenário internacional
Questionado sobre as recentes declarações de Donald Trump sobre tarifas comerciais, Salto adotou uma postura cautelosa.
“É muito cedo para a gente fazer essa avaliação”.
Ele lembrou a existência de instituições reguladoras do comércio internacional e a interdependência econômica global como fatores que podem moderar ações protecionistas extremas.
O economista concluiu ressaltando a importância de ações rápidas e eficazes por parte do governo para lidar com os desafios econômicos atuais, tanto no âmbito doméstico quanto em relação às pressões internacionais.