A Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional do Senado aprovou requerimento para convidar o embaixador da França em Brasília, Emmanuel Lenain, e o presidente do Carrefour no Brasil, Stéphane Maquaire, para prestar esclarecimentos sobre o episódio em envolve a suspensão da venda da carne produzida no Mercosul em supermercados franceses da companhia.
“Que eles possam vir aqui dar explicações sobre o posicionamento do Carrefour francês em que o CEO diz que os produtos brasileiros não têm qualidade, não preenchem as regras, para serem vendidos no Carrefour francês. Isso é uma inverdade. O Brasil é signatário de diversos acordos, protocolos sanitários e exportamos para mais 160 países no mundo”, afirmou a senadora Tereza Cristina (PP-MS), autora do requerimento.
Segundo a parlamentar, o pano de fundo para os ataques do CEO do Carrefour, reforçado por políticos franceses, é a possibilidade de conclusão do acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia.
“Que a França não queira entrar no acordo Mercosul e União Europeia, o Brasil não tem nada com isso, é um problema dos franceses. Agora, colocar uma imagem ruim, falsa, sobre os produtos brasileiros é que nós não podemos admitir”, disse a senadora.
Tereza Cristina criticou a carta divulgada pela rede de hipermercados francesa com pedido de desculpas por ter anunciado a produtores franceses que a companhia não iria comercializar carne do Mercosul.
“O pedido de desculpas do CEO francês foi um pedido pífio. Ele não pede desculpas coisa nenhuma. Ele diz: francês compra de francês, da União Europeia; o Carrefour brasileiro que compre dos brasileiros. Essa foi a desculpa dele que ainda fez um pequeno deboche, na minha opinião, dizendo que a carne brasileira é gostosa”, declarou.
A CNN entrou em contato com o Carrefour e com a Embaixada da França e aguarda posicionamento.
Reação do governo brasileiro
O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, declarou, nesta quarta-feira (27), durante o programa “Bom dia, Ministro”, que o CEO do Carrefour da França, Alexandre Bompard, se desculpou em carta porque “reconheceu a qualidade – sanitária e no paladar – dos produtos brasileiros”.
“A carta que o presidente dessa empresa de supermercados mandou ao ministro da Agricultura toca no ponto principal, ele se desculpou porque reconheceu a qualidade – sanitária e no paladar – dos produtos brasileiros. Então acho que isso já é uma resposta e uma boa resposta para essa questão, que é entre empresas privadas, a matriz na França e a do Brasil”, afirmou Mauro Vieira.