Militares agiram deliberadamente sem conhecimento dos comandantes, diz PF

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O relatório da Polícia Federal (PF) que teve o sigilo retirado nesta terça-feira (26) afirmou que os militares-assessores dos generais quatro estrelas das Forças Armadas agiram “de forma deliberada” para tentar fazer com que o então comandante do Exército, general Freire Gomes, aderisse a uma tentativa de golpe de Estado.

“Os dados analisados evidenciaram que os militares-assessores atuaram de forma deliberada, sem conhecimento dos comandantes, em evidente quebra de hierarquia, com a finalidade estabelecer uma relação de confiança entre o general Freire Gomes e o então presidente da República Jair Bolsonaro, para que o então comandante do Exército aderisse a tentativa de Golpe de Estado”, disse o documento.

De acordo com a PF, os militares com formação em Forças Especiais que atuavam como assessores dos generais se reuniram em 28 de novembro de 2022, em Brasília, para “pressionar” integrantes do alto comando a aderirem ao plano golpista.

A corporação declarou que o objetivo dos militares era empregar “técnicas de forças especiais em ambiente politicamente sensível para desencadear ações que incitassem o meio militar”, e, com isso, convencer os comandantes que ainda se opunham ao golpe, como era o caso do general Freire Gomes.

Em troca de mensagens entre o coronel Coronel Corrêa Netto, o general José Sant’Anna Soares Silva e o coronel Fabrício Moreira de Bastos, fica claro o objetivo da reunião: “Reunir alguns FE [abreviação para se referir a integrantes das Forças Especiais] em funções chaves para termos uma conversa sobre como podemos influenciar nossos chefes. Para isso, vamos fazer uma reunião em BSB”.

Na última semana, dois dos militares citados, Côrrea Netto e Fabrício Moreira de Bastos, foram indiciados pela PF por participarem da trama golpista.

Quem é Freire Gomes

Comandante do Exército no último ano da gestão de Jair Bolsonaro (PL), o general Freire Gomes chegou ao posto em março de 2022, substituindo Paulo Sérgio Nogueira, que assumiu a pasta da Defesa depois de o general Walter Braga Netto deixar o ministério para compor a chapa do então presidente Jair Bolsonaro nas eleições daquele ano.

Depois de Bolsonaro perder as eleições para Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e seus aliados começarem a elaborar um plano de golpe para mantê-lo na Presidência, o general deixou claro que não participaria da trama.

Freire Gomes teria ainda ameaçado prender Bolsonaro caso o então presidente decretasse uma Garantia da Lei e da Ordem (GLO) para se manter no poder.

Por esse motivo, o general se tornou alvo de “ataques pessoais” de militares orientados por Braga Netto.

A conclusão do relatório da PF é que Freire Gomes e o comandante da Aeronáutica, tenente-brigadeiro Baptista Jr. foram determinantes para que o golpe de Estado não fosse consumado.

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