O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) tinha “plena consciência e participação ativa” no plano de golpe de estado, de acordo com a investigação da Polícia Federal (PF), que indiciou o político e outras 36 pessoas na última quinta-feira (21).
O relatório completo, divulgado nesta terça-feira (26) após a quebra do sigilo por parte do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, revela detalhes da participação de Bolsonaro como líder da organização criminosa que teria o plano de impedir Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de assumir a Presidência após a eleição de 2022.
O planejamento e o andamento das ações criminosas eram reportadas para Bolsonaro diretamente ou por intermédio de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do então presidente, de acordo com a PF.
Os registros de entrada e saída de visitantes do Palácio do Alvorada, em Brasília, conteúdo de diálogos entre interlocutores de seu núcleo próximo, entre outros elementos como datas e locais de reuniões, indicam que Bolsonaro tinha “pleno conhecimento do planejamento operacional”, conforme aponta o relatório.
Com apoio do núcleo jurídico da organização criminosa, Bolsonaro elaborou a minuta do golpe: um decreto que previa uma ruptura institucional, impedindo a posse do governo legitimamente eleito, estabelecendo a Decretação do Estado de Defesa no âmbito do Tribunal Superior Eleitoral e a criação da Comissão de Regularidade Eleitoral para apurar a “conformidade e legalidade do processo eleitoral”, segundo a investigação.
O planejamento operacional do golpe era feito por meio do documento intitulado “Punhal Verde e Amarelo”, impresso pelo general Mario Fernandes no Palácio do Planalto.
O ex-presidente ainda tinha conhecimento das ações realizadas no grupo “Copa 2022”, utilizado por militares da tropa de elite do Exército para tramar contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).