A médica brasileira Juliana Magalhães Mourão, que até então era considerada testemunha no caso da morte da modelo baiana Emmily Rodrigues, foi indiciada na última segunda-feira (25) sob suspeita de abandono de pessoa.
A hipótese surgiu após as investigações indicarem que Juliana, apesar de ter tido condições de pedir socorro, não o fez imediatamente durante o incidente que resultou na queda de Emmily do sexto andar de um prédio no bairro Retiro, em Buenos Aires, no dia 30 de março de 2023.
O pedido de indiciamento foi feito pela Procuradoria Nacional Criminal e Correcional n.º 10 da Capital Federal da Argentina e pela Promotoria Especializada em Violência contra a Mulher (UFEM), solicitado pelo juiz Luis Schelgel. Juliana será interrogada no próximo dia 4 de dezembro.
Além dela, o empresário argentino Francisco Sáenz Valiente, já investigado, teve as acusações ampliadas. Agora, ele responde pelos crimes de fornecimento de entorpecentes, disponibilização de local para consumo, abandono de pessoa, agravado pela morte e posse ilegal de arma de guerra.
Segundo o Ministerio Público Fiscal (MPF), que equivale ao Ministério Público Federal no Brasil, durante a audiência da segunda-feira (25), Sáenz Valiente se recusou a testemunhar. Na ocasião, ele foi representado pelo subprocurador Juan José Taboada Areu.
As investigações apontam que Emmily Rodrigues estava no apartamento de Francisco Sáenz Valiente, e um exame toxicológico revelou que ela havia consumido diversas substâncias, como álcool, maconha, MDMA, cetamina e cocaína.
Inicialmente, o empresário foi acusado de feminicídio e permaneceu preso preventivamente por três semanas, em abril de 2023.
No entanto, em junho, a Promotoria modificou a acusação para homicídio culposo (sem intenção de matar), incluindo também o fornecimento de entorpecentes e a facilitação de um local para o consumo.
As investigações apontam que as drogas fornecidas pelo empresário levaram Emmily a um quadro de descompensação, que poderia ter sido evitado caso socorro tivesse sido solicitado a tempo.
“Ambos permitiram que a situação continuasse sem prestar a assistência de que a vítima necessitava e só tentaram pedir ajuda quando já era tarde”, indicaram os representantes do MPF na decisão.
Os procuradores observaram que, apesar das evidências de que o comportamento de Emmily era de risco para ela e terceiros, por mais de duas horas mantiveram “o controle do que acontecia no apartamento e continuaram com a reunião, em vez de cuidar da saúde da vítima”, aponta o MPF.
O chamado só teria sido feito quando a jovem “já estava em estado de desespero eufórico, terror e choro e gritava por socorro”.
A CNN tenta localizar a defesa da médica brasileira Juliana Magalhães Mourão.