A produção da indústria no Brasil frustrou as expectativas e recuou em outubro, interrompendo dois meses seguidos de ganhos devido principalmente à retração em produtos derivados de petróleo e biocombustíveis.
Em outubro, a indústria teve queda de 0,2% na produção em relação ao mês anterior, mostraram os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgados nesta quarta-feira (04).
O resultado contrariou a expectativa em pesquisa da Reuters de um aumento de 0,2%.
Em relação a outubro do ano passado, houve crescimento de 5,8% na produção industrial, contra projeção de alta de 5,9% na pesquisa.
Se de um lado a economia brasileira é favorecida pelo mercado de trabalho forte e renda em alta, com aquecimento da demanda interna e políticas do governo de estímulo à atividade, por outro enfrenta a perspectiva de um ciclo de juros altos por mais tempo.
No terceiro trimestre, a indústria apresentou expansão de 0,6%, mas mostrou forte desaceleração em relação ao avanço de 1,6% visto entre abril e junho, de acordo com dados do PIB divulgados na véspera pelo IBGE.
Em novembro, o BC acelerou o ritmo e elevou a taxa básica de juros Selic em 0,5 ponto percentual, para o atual patamar de 11,25%, e a expectativa é de nova alta na última reunião do ano, na próxima semana.
O IBGE destacou que, em outubro, a maior influência negativa foi exercida pela queda de 2,0% de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis, após avançar 4,7% no mês anterior, com destaque para a redução na produção de álcool.
Também pesaram no resultado do mês os recuos de 1,1% de bebidas e de 0,2% nas indústrias extrativas.
Por outro lado, a fabricação de veículos automotores, reboques e carrocerias avançou 7,1% em outubro, após alta de 2,8% em setembro.
Entre as categorias econômicas, o destaque foi o avanço de 1,6% na produção de bens de capital. A fabricação de bens intermediários subiu 0,4%, enquanto a de bens de consumo teve retração de 0,7% em outubro sobre o mês anterior.
“(O desempenho da produção de bens de capital) indica a continuidade do bom desempenho da formação bruta de capital fixo no início do quarto trimestre, como foi observado no resultado do PIB do terceiro trimestre”, destacou André Valério, economista sênior do Inter.