Operação combate fraude em agropecuária de Mato Grosso

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A Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO) deflagrou em Mato Grosso, nesta quarta-feira (18), a Operação Nota Fria, com o objetivo de desarticular um esquema de emissão de duplicatas simuladas que lesou um grande conglomerado agropecuário com unidade em Sapezal. A ação cumpriu mandados de busca e apreensão em residências e em uma empresa nas cidades de Sapezal e Rondonópolis.

A investigação, conduzida pela Polícia Civil, revelou que um funcionário da fazenda, responsável pelos setores de lubrificação e abastecimento, aproveitou-se de sua autonomia na gestão da manutenção de pneus dos veículos da propriedade para cometer a fraude. Em janeiro do ano passado, o investigado cadastrou uma empresa prestadora de serviços de borracharia e recapagem de pneus junto à agropecuária. Essa empresa emitiu cerca de 250 notas fiscais, totalizando R$ 3 milhões, sem que os serviços tivessem sido efetivamente prestados à fazenda.

A fraude foi descoberta após uma auditoria interna da agropecuária, que constatou a ausência de registros de entrada e saída de pneus para recapagem no período em que as notas fiscais foram emitidas.

Notas frias e inconsistências em Mato Grosso

As investigações da GCCO revelaram diversas irregularidades envolvendo a empresa prestadora de serviços. Com sede em Rondonópolis e constituída há quatro anos com um capital social de R$ 5 mil, a empresa tinha como atividade principal, segundo o cadastro de pessoa jurídica, consultoria em gestão empresarial, sendo o serviço de borracharia uma atividade secundária.

Além disso, os valores constantes nas notas fiscais emitidas pela prestadora de serviços eram considerados incompatíveis com a demanda da fazenda em Sapezal. Em 2023, a agropecuária efetuou o pagamento de R$ 1.226.674,22 em notas fiscais referentes a serviços não realizados. Em 2024, o valor da fraude aumentou para R$ 1.636.327,32. Uma comparação com outra propriedade do mesmo grupo, com o dobro de veículos, evidenciou que a unidade de Sapezal pagou quase dez vezes mais por serviços de recapagem.

Provas e indícios

Durante as buscas autorizadas pela justiça, uma inspeção no computador corporativo utilizado pelo funcionário investigado revelou uma proposta comercial relacionada à empresa prestadora de serviço, com indícios de diversas alterações no documento antes de sua conversão para PDF. A análise do e-mail corporativo do funcionário também levantou suspeitas, já que não foram encontrados orçamentos da empresa de Rondonópolis, mas sim diversas notas fiscais em nome da mesma, direcionadas aos setores responsáveis por lançamentos e pagamentos.

O delegado responsável pela investigação destacou a distância entre a sede da empresa prestadora de serviços, em Rondonópolis, e a fazenda em Sapezal, cerca de 750 km, como um fato relevante. Além disso, a emissão sequencial das notas fiscais em desfavor da agropecuária sugere que a fazenda seria o único cliente da empresa prestadora de serviços, o que levantou ainda mais suspeitas.

A operação contou com o apoio da Delegacia de Sapezal e da 1ª Delegacia de Rondonópolis e segue em investigação para identificar outros possíveis envolvidos no esquema e aprofundar as apurações sobre a extensão dos prejuízos.

MATO GROSSO – CenárioMT

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