Psicólogo do Botafogo detalha trabalho e destaca o “cérebro“ da equipe

Publicidade

A “força mental” e o “aspecto emocional” foram assuntos recorrentes ao longo de 2024, mas o Botafogo acabou com as dúvidas em torno da capacidade da equipe ao conquistar os títulos da Libertadores e do Campeonato Brasileiro. Paulo Ribeiro, psicólogo do elenco profissional do Glorioso, detalhou o trabalho feito, destacando dois personagens: Artur Jorge e Marlon Freitas.

O treinador e o capitão do Botafogo foram determinantes para conduzir a equipe ao longo da temporada. Artur Jorge, que chegou ao clube em abril de 2024, foi avaliado como “maestro”, enquanto Marlon Freitas, um dos principais alvos de críticas pela derrocada do time em 2023, foi deinifido como “o cérebro” e “atleta mais resiliente” que o profissional trabalhou em sua carreira.

“A gente tem, vamos dizer, 35 cabeças só de jogadores dentro de um grupo, só de jogadores. Então são 35 pessoas que vieram de lugares diferentes, de modos de criação de vida diferente, de culturas diferentes, com ideias diferentes e fazer isso tudo conversar, tem que ter um maestro para isso aí, um ou mais”, iniciou Paulo Ribeiro em resposta ao portal “PressFut”.

“O Artur Jorge foi um grande maestro na condução desse grupo. Gerenciar pessoas é a coisa mais difícil que existe, porque cada um tem uma história diferente, né? Cada um veio de um lugar que lhe era familiar e ele chega no outro lugar diferente, encontra outra cultura, outras pessoas que pensam diferente dele e é preciso fazer isso, todo esse ecossistema, vamos chamar assim, conversar. Esse ecossistema precisa funcionar”, seguiu.

“O Artur Jorge teve grande participação nisso, mas eu reputo ao Marlon Freitas, que foi, durante a minha carreira, durante 35 anos de trabalho que eu tenho no futebol, foi o atleta mais resiliente que eu já encontrei na vida. E eu reputo a ele, sim, como o cérebro dessa equipe, como a pessoa que soube brilhantemente conduzir qualquer situação adversa que pudesse acontecer. Porque, assim, quando eu falo situação adversa, não necessariamente uma situação ruim, mas algumas delas até são. É porque as pessoas só veem o espetáculo, né? Ou seja, o jogo está para além das quatro linhas. Existem situações que acontecem que só ficam ali entre nós, né? E o Marlon foi um cara que meio que foi um catalisador dessas situações que estavam acontecendo, e ele meio que conduzia essa orquestra. De maneira triunfal, isso eu preciso deixar claro, então assim, gerenciar pessoas para caminhar na mesma direção e falar a mesma língua não é a tarefa das mais fáceis, é uma arte”, completou Paulo Ribeiro.

Paulo Ribeiro, que já trabalhou em clubes como Flamengo e Vasco na sua carreira, faz parte do departamento de futebol do Botafogo desde 2019. Atualmente, é Head de Psicologia da SAF.

Confira, abaixo, outras respostas do psicólogo Paulo Ribeiro, do Botafogo, ao portal “PressFut’:

Integração do trabalho de psicologia ao departamento de futebol do Botafogo
“Hoje é impensável você construir performance se você não tem uma integração nesse departamento de saúde. Antigamente, algum tempo atrás, eu já estou nisso tem 35 anos, você tinha o departamento médico, onde o médico definia tudo que ia ser feito, e depois você ficava sabendo as coisas que iam acontecendo. Hoje não. Hoje, eu respondo pelo Botafogo, claro, a gente tem todos os dias reunião pré-treino e reunião pós-treino.

A gente está monitorando constantemente o que tá acontecendo com o atleta e as áreas estão trocando as informações. Quando, por exemplo, vou exemplificar aqui. O fisiologista nota que tá num nível de cortisol mais alto numa pesquisa, que ele tenha feito de sangue, e ele chega pra mim: “Paulo, vai lá e dá uma olhada e vê o que pode estar acontecendo. Vamos dar uma pesquisada nisso”. A gente tem hoje, nessas reuniões pré e pós-treino, um questionário de bem-estar, que tem vários itens nesse questionário. E dentro do que compete a psicologia, você tem lá o nível de sono, o nível de estresse.

Então, a gente tem notas pra isso. Todos os dias os atletas preenchem esse questionário de bem-estar. Então, a gente tem dados, tem informações e a gente vai trocando essas informações. Pra quê? Pra que a performance do atleta seja cada vez melhor. Pra que ele tenha cada vez mais um atendimento, uma ferramenta que possa ajudá-lo a sair de uma dificuldade, por exemplo.”

Debate sobre o “mental fraco” do Botafogo ao longo de 2024
“O que eu posso falar é pelo Botafogo. O Botafogo, pelo seu histórico dos últimos anos, deixava muitas pessoas com dúvidas sobre como seria a atuação dele no campeonato, sobretudo no campeonato de 2023, a gente não pode deixar de falar disso. Mas quando a gente consegue modificar a mentalidade interna e mostra isso para o externo, para fora, para as pessoas que acompanham o futebol, você observa que essa mentalidade, ela fica meio que contagiante.

Isso a gente chama de contágio emocional, que na realidade foi até minha tese de doutorado: contágio emocional em equipes de esportes coletivos. Então esse contágio emocional, ele vai meio que pegando cada pessoa e vai replicando para as outras pessoas. Então, cada vez que eu tenho mais confiança naquilo que eu estou observando, naquilo que eu estou torcendo, vai crescendo a minha expectativa. E quanto maior a expectativa, maior tem que ser o resultado.

Então, naturalmente, eu acredito que os atletas, juntamente com o staff do futebol, com o corporativo do clube, com hoje, com toda a profissionalização que tem o Botafogo, contribuiu para mudar essa mentalidade. Esse sempre foi o objetivo que eu persegui. Eu acho que hoje a gente já consegue ter um caminho um pouco melhor nessa relação entre torcedor e time, torcedor e Botafogo.”

 

Esportes – Confira notícias da Editoria | CNN Brasil

Compartilhe essa Notícia:

publicidade

publicidade

plugins premium WordPress