Waack: Piora fiscal é um fato que o governo escolhe ignorar

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Não foi por falta de aviso. O que se antecipava como cenário desfavorável para o Brasil lá fora avançou um passo hoje à tarde.

O Federal Reserve, o Banco Central americano, diminuiu a redução de sua taxa de juros, que vão ficar por lá mais altos por mais tempo, com impacto negativo também por aqui. Já se esperava que a eleição de Trump, e o que ele prometeu fazer na economia, fortaleceria o dólar, embora Trump queira o contrário. E o dólar se fortaleceu hoje lá fora contra todo mundo, especialmente o real.

Em outras palavras, é quando a maré baixa que se vê quem estava nadando pelado. E o Brasil está sendo apanhado com as nádegas de fora. No momento em que as coisas lá fora ficam menos favoráveis, a política econômica do governo torna ainda mais frágil uma situação de contas públicas que preocupa e domina todo o debate político há muito tempo.

Mas não adianta gritar que o rei — no caso, o presidente Lula, o árbitro final da política econômica — está nu. Lula se embrulhou na roupagem de uma responsabilidade fiscal que os agentes econômicos não encontram nos fatos da realidade. E se protege na mais velha afirmação: a de que a volatilidade do câmbio, a alta dos juros e a expectativa de inflação subindo muito mais do que o desejável não passam de movimento especulativo.

Não, o Brasil não vai derreter amanhã, nem estamos diante de uma catastrófica queda num abismo. O que estamos é caminhando para uma situação na qual diminuem as opções de política econômica para o governo. E ficam mais difíceis suas negociações e, portanto, o preço político.

É isso que enxergam os agentes econômicos. Mas Lula não vê.

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