O sonho realizado de boas condições de trafegabilidade durou pouco na MT-140 na região do município de Planalto da Serra, segundo caminhoneiros, prestadores de serviços e produtores em seu entorno. Em alguns trechos buracos tomam conta da malha asfáltica, revelando a falta de manutenção da rodovia estadual recém asfaltada.
O caminhoneiro Josué Ferreira trafega com frequência pela MT-140. Ele comenta ao Patrulheiro Agro desta semana que o desafio é constante.
“Foi feita em menos de dois anos e foi feito uma casquinha de ovo mesmo. Molas, pneus, estabilizador e até carga é perigoso, porque se arrebentar uma corrente da carreta carregada de milho ou soja vai tudo para o chão e aí fica tudo por conta do caminhão. A seguradora não quer nem saber. É um desafio o negócio. Está sem socorro, sem nada e a buraqueira está só aumentando e o frete fica tudo em manutenção e óleo”.
Josué frisa que a situação é mais perigosa ainda à noite. “A noite nem pensar em rodar aqui neste lugar, senão pode causar acidente”.
Geraldo Aparecido trabalha com o transporte de carga viva. Ele relata que para este tipo de transporte a situação é ainda mais difícil, pois uma freada por derrubar os animais e machucar os mesmos, além do tempo de demora para percorrer o trecho.
“É bem complicado. Ao menos umas quatro, cinco horas de viagem. [Se a estrada fosse boa] uma três. Os animais sentes demais da conta. Cada freada, cada desviada de buraco derruba o animal, aí tem que parar lá na frente para levantar ele de novo, machuca. O patrão fica zangado demais. Bem complicada essa estrada”.
Em alguns trechos da MT-140 os buracos praticamente tomam conta de toda a malha asfáltica, aumentando o risco de acidente para que trafega pela via.
“A gente vem com cuidado no máximo possível para evitar um dano maior, mas tem hora que é inevitável. Judia demais de pneus, estrutura de suspensão e molas”, comenta à reportagem do Canal Rural Mato Grosso o caminhoneiro Alex Nunes Faleiros.
Ainda de acordo com Alex, a situação pode ser pior para um carro pequeno, principalmente em período de férias e final de ano.
“Um viajante de final de ano, um período de férias é um perigo, pois não tem muito conhecimento. É muito fácil de acontecer uma tragédia, prejudicar uma família. Mas, é uma luta. Uma batalha grande. Está feio o negócio. Tem que dar um jeito para nós. Do jeito que está vai ficar intransitável. Não tem condições de rodar, não. E no momento não está bom os fretes, aí as despesas vão aumentando mais. Acabou muito rápido [o asfalto], é uma estrutura mal feita”.
Acidentes já são observados na MT-140
O engenheiro agrônomo João Paulo Ferreira usa uma vez por semana a MT-140 para atender os produtores na região de Planalto da Serra. Conforme ele, é preciso orar todas às vezes em que necessita pegar a rodovia estadual.
“Tem que vir orando. Às vezes você sai e volta com o pneu rasgado. Esses dias atrás um colega nosso de profissão se acidentou feio, gravemente. Uma carreta foi ultrapassar outra por causa de um buraco, o cara teve que jogar no acostamento e mesmo assim pegou a prancha de uma carreta que estava puxando rolinho de algodão. Pegou de uma ponta a outra da caminhonete dele. Acabou com a caminhonete dele nessa rodovia esburacada, foram de condições de trafegabilidade. Realmente está muito perigosa essa rodovia”.
O operador de guincho Carlos Eduardo Neves de Oliveira comenta ao Canal Rural Mato Grosso acreditar que “essa estrada mais uns dois meses não vai mais existir, não”.
Segundo Carlos Eduardo, o número de acidentes na MT-140 neste trecho de Planalto da Serra é constante. “Muitos acidentes, pessoal saindo bastante da estrada por causa dos buracos”.
Trabalho bom, mas falta fiscalização
Na avaliação do produtor de Planalto da Serra, cuja propriedade fica às margens da MT-140, Jorge Diego Giacomelli, a atual gestão do governo de Mato Grosso “tem feito um trabalho de desenvolvimento de rodovias pelo estado excelente”. Entretanto, falta fiscalização.
“O governo que mais trabalhou nesse sentido é o atual, mas falta uma fiscalização em cima, porque é uma obra nova. Uma obra de menos de um ano. A gente sabe que esses contratos têm garantias, então deveria fiscalizar essas rodovias e cobrar das empreiteiras que fizeram essas obras um respaldo para vir resolver”.
O produtor salienta que “toda semana tem acidente” e que há “famílias correndo risco de vida aqui, tem motoristas de caminhão desenvolvendo sua atividade comercial correndo risco de vida”.
“Isso é muito perigoso. Eu acho que deveria ter um olho melhor para essa rodovia. Abriu de fora a fora a rodovia e agora começou a afundar, porque terminou o asfalto, aí o aterro começa a ceder a terraplanagem. Acredito que a Sinfra, e talvez até a própria Assembleia Legislativa, deveria passar com um olhar melhor por essa rodovia e cobrar dos responsáveis que executaram essas obras para vir dar o respaldo e dar garantia. Essa obra tem que ter, porque hoje eu acredito que está entre as rodovias mais importantes do estado de Mato Grosso”.
O Canal Rural Mato Grosso entrou em contato com a Secretaria de Estado de Infraestrutura e Logística (Sinfra-MT) sobre o trecho em questão da MT-140, contudo até o fechamento desta reportagem não obteve retorno.
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