Uma operação da Polícia Federal (PF) em Mato Grosso desvendou um esquema de corrupção que envolve a venda de decisões judiciais, levando ao bloqueio de R$ 1,8 milhão em bens de um desembargador do Tribunal de Justiça do estado (TJ-MT) e duas servidoras, incluindo sua esposa. A decisão foi determinada pelo ministro Cristiano Zanin, do Supremo Tribunal Federal (STF), nesta sexta-feira (20).
As investigações revelaram um esquema complexo, com a movimentação de grandes quantias de dinheiro através de transações imobiliárias suspeitas e pagamentos ilícitos. Uma das servidoras, identificada como intermediária, teria recebido valores expressivos de uma empresa, reforçando as suspeitas de corrupção.
Medidas cautelares e afastamento de funções
Diante da gravidade das acusações, o ministro Zanin determinou o afastamento das servidoras de suas funções no TJ-MT. O desembargador, que já estava afastado preventivamente, teve o pedido de prisão negado. No entanto, seus bens, assim como os das servidoras, foram bloqueados para garantir a reparação dos danos causados.
Esquema envolve pagamento de propinas em Mato Grosso
As investigações apontam que o esquema funcionava através do pagamento de propinas para que magistrados e servidores influenciassem decisões judiciais em favor de determinadas partes. As provas coletadas pela PF incluem documentos, mensagens eletrônicas e depoimentos que corroboram as acusações.
A polícia identificou a atuação de um lobista como intermediário nas negociações, o que pode indicar a existência de uma organização criminosa atuando no estado. Além disso, as movimentações financeiras dos envolvidos revelam a aquisição de bens de luxo, como imóveis e veículos, em valores incompatíveis com suas rendas declaradas.
Impacto e próximos passos
A operação da PF causa grande repercussão em Mato Grosso e levanta questionamentos sobre a integridade do sistema judiciário estadual. A sociedade espera que as investigações sejam aprofundadas e que todos os envolvidos no esquema sejam responsabilizados criminalmente.
A Polícia Federal e o Ministério Público Estadual (MPE-MT) continuam as investigações, com o objetivo de identificar outros possíveis envolvidos e desvendar a extensão do esquema. A operação é um alerta para a necessidade de combate à corrupção no Judiciário e reforça a importância de um sistema judicial transparente e imparcial.