Mato Grosso abriga o maior número de pistas clandestinas da Amazônia Legal, transformando o estado em rota estratégica para o tráfico de drogas.
De acordo com o relatório Cartografias da Violência na Amazônia, o estado possui 1.062 pistas de pouso, a maioria sem autorização da Anac e utilizadas por organizações criminosas para transportar drogas e outros ilícitos.
A pesquisa revela um cenário alarmante: a Amazônia possui mais do dobro de pistas de pouso do que consta nos registros oficiais, totalizando cerca de 2.869. Dessas, mais de um quarto está localizada em terras indígenas e unidades de conservação, evidenciando a invasão de territórios protegidos e a exploração ilegal de recursos naturais.
O tráfico se adapta
O tenente-coronel Manoel Bugalho, coordenador do Gefron, explica que o tráfico de drogas por via aérea é uma operação logística complexa, que se adapta constantemente às ações das forças de segurança. “Não é feito exclusivamente por meio de pistas clandestinas e formais. Muitas aeronaves descem em lavouras ou espaços improvisados, de preferência longe da vigilância das forças de segurança”, afirma.
Mato Grosso: rota estratégica do tráfico
Com mais de 900 quilômetros de fronteira, Mato Grosso se tornou um ponto estratégico para o tráfico de drogas provenientes de países da América do Sul. A facilidade de acesso a pistas clandestinas e a vastidão do território dificultam a ação das forças de segurança.
O caso de Comodoro
Um recente confronto entre o Gefron e um grupo criminoso em Comodoro, onde foram apreendidos 641 quilos de cocaína, demonstra a ousadia dos traficantes e a necessidade de intensificar as ações de combate ao crime organizado na região.
Desafios e perspectivas
O combate ao tráfico de drogas na Amazônia exige uma ação integrada entre os diversos órgãos de segurança pública, além de investimentos em inteligência e tecnologia. É fundamental também fortalecer a proteção dos territórios indígenas e das unidades de conservação, que são alvos constantes das organizações criminosas.