A safra 2023/24 no Matopiba foi considerada bastante desafiadora e na Bahia, principal estado produtor do Nordeste, apesar dos obstáculos, houve também estabilidade e conquistas, em um ano que finaliza com status regular, principalmente na produção das principais commodities.
O início não foi fácil para o ciclo que se encerra em 2024, principalmente para a soja, principal commodity do Matopiba. Esse ciclo agrícola foi marcado por uma das maiores secas da história, na Bahia, por exemplo.
Ainda assim, no estado baiano, no ano que exigiu mais expertise do produtor de soja, a produtividade média foi de 63 sacas por hectare.
De acordo com a Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba), somente o Oeste da Bahia registrou uma produção total de 7,4 milhões de toneladas da oleaginosa, com uma área superior a 1,9 milhão de hectares plantados, ocupando mais de 67% da área total cultivada no oeste baiano.
A safra 2023/24, foi uma safra considerada regular. Tivemos algumas adversidades climáticas, principalmente por essas questões como pelo evento do El Niño, que de certa maneira acabou impactando boa parte das culturas. Na soja tínhamos aí o potencial de alcançarmos o maior índice de produtividade nível Brasil, mas tivemos uma média reduzida de 67 sacas, passa 63 sacas de soja por hectare, em função justamente dessas dessas adversidades climáticas enfrentadas nos diversos núcleos produtivos”, explica o gerente de agronegócio da Aiba, Aloísio Júnior.
Outro estado do Matopiba que se destacou mesmo diante das adversidades foi o Piauí. Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o estado produziu 3,8 milhões de toneladas de soja na safra 2023/24, um aumento de 88% em relação à safra anterior.
No ciclo passado a falta de chuva foi um dos principais problemas para os produtores, no entanto, nesta temporada, a presença dela em abundância foi crucial para o inicio do plantio em toda a região do Matopiba, principalmente no Oeste da Bahia.
O produtor, Jaime Cappelesso, lembra das dificuldades e ressalta a tranquilidade no início do plantio para a safra 2024/25.
“Para a região como um todo, o clima tá muito bom esse ano, plantio bom, bem germinado tudo. No ano passado foi mais complicado, nós estávamos nessa época com problemas sérios, agora não, esse ano estamos tranquilo, mas clima é o seguinte, hoje tá assim, amanhã a gente não sabe o que que vem”, comenta o produtor.
Radar fitossanitário
E se a chuva começou ajudando para a safra 2024/25, a atenção para o controle fitossanitário deve continuar no radar dos produtores.
Iolanda Alves, fitopatologista e entomologista da Fundação Bahia, relembra que durante o ano, alguns nematoides e pragas dificultaram o trabalho dos produtores.
“Pensando na parte da fitopatologia, as grandes problemáticas tem sido a mancha alfa, tanto na cultura da soja quanto na cultura do algodão, que é causada pelo fungo Corynespora cassiicola e os nematoides também. A gente teve também bastante problema com a mosca branca e com o bicudo algodoeiro” que já é comum de todo ano ter esse problema com a questão do do bicudo”, explica.
Falando em algodão, que têm na Bahia a segunda maior produção nacional, a produtividade média foi de 325,45 arrobas de algodão em caroço por hectare na safra 2023/24, inferior às 330,8 arrobas por hectare da safra anterior, mas ainda acima das expectativas, numa área total plantada de 345.431 hectares, de acordo com a Aassociação Baiana dos Produtores de Algodão (Abapa).
Já o milho, segundo a Aiba, chegou a enfrentar problemas em aspectos fitossanitários e climáticos, finalizando a safra com o resultado de 150 sacas por hectare de sequeiro e 160 de irrigado, correspondente a uma produção de mais de um milhão de toneladas do cereal.
Fruticultura foi destaque
Apesar dos desafios, 2024 também foi um ano marcado por resultados positivos para a fruticultura baiana, com destaques para a produção de manga, maracujá e mamão.
Além disso, o estado voltou a ser líder na produção de cacau. Segundo a Pesquisa Agrícola Municipal mais recente do IBGE, o segmento gerou para o estado R$ 5,7 bilhões.
Para o secretário de agricultura da Bahia, Wallison Tum, a fruticultura vive um momento positivo, por conta das dificuldades enfretadas em outras regiões do país.
“Nós temos observado o crescimento muito grande do síntese aqui no estado da Bahia, principalmente porque São Paulo não está conseguindo exportar. Então, existe um movimento muito forte aqui, mais concentrado na região de Condeúba, que é próximo à divisa com o Sergipe”, disse.
Pecuária
A pecuária foi outro segmento que bateu recordes. A Pesquisa da Pecuária Municipal mais recente do IBGE, aponta que a Bahia possui o maior rebanho do nordeste, com 13,3 milhões de cabeças.
O Jaime, por exemplo, têm capacidade máxima para 6 mil cabeças na propriedade em Luís Eduardo Magalhães, onde adota o sistema Integração Lavoura-Pecuária (ILP).
“Eu acho que o pecuarista hoje não pode reclamar muito porque começou razoável, daí ficou para baixo e agora tá os preços se manter, os preços que estão aí, tá bom? Nós aqui, por exemplo, nós estamos com um foco mais na engorda, no confinamento. E a gente faz parceria, tem vários, vários sistemas e eu sempre fui fã da Integração Lavoura-Pecuária (ILP) e eu acho que na nossa região do Oeste da Bahia, tá faltando muito isso.”, finaliza o produtor.
Para Humberto Miranda, presidente da Federação de Agricultura e Pecuária da Bahia (Faeb), mesmo com muitas intercorrências, foi um ano com resultados satisfatórios.
“Pensando no ano corrente, como nós estamos chegando ao final do ano, nós podemos dizer que esse ano foi um ano exitoso para agropecuária baiana. Nós saímos do final do ano passado de uma seca histórica, onde o Cemaden é contabilizou que foi uma das piores secas dos últimos 30,40 anos. Isso gerou muito prejuízo à agricultura e principalmente a pecuária. morreram mais de 1 milhão de cabeças de animais no final do do segundo semestre do ano passado”, ressalta.
“Do ponto de vista de mercado, nós tivemos uma baixa de preço significativa das commodities no mercado internacional, tanto da soja quanto do milho, quanto do algodão, e isso realmente impactou negativamente na renda do produtor, na questão da pecuária também, nós tivemos um ano muito difícil. Está melhorando agora o final do ano, a questão da arroba do boi, do preço do leite. Mas nós tivemos durante um ano e meio, um dos piores preços históricos da arroba do boi. De 2022 para cá, baixou 33% durante mais de 1 ano. Então o produtor trabalhou com margens muito apertadas. E a gente espera que, do ponto de vista do resultado e da rentabilidade para o produtor, a gente tenha um ano ainda melhor do que o que foi o 23/24.”, finaliza Miranda.
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