A empresa de energia russa Gazprom disse neste sábado (28) que suspenderia as exportações de gás para a Moldávia a partir de 1º de janeiro devido à dívida não paga do país, que se prepara para severos cortes de energia.
A companhia afirmou que reserva o direito de tomar qualquer medida, incluindo a rescisão do contrato de fornecimento com a Moldávia.
A Rússia fornece à Moldávia cerca de 2 mil milhões de metros cúbicos de gás por ano, que é canalizado por meio da Ucrânia para a região separatista da Transnístria, onde é utilizado para gerar energia barata que é vendida a partes da Moldávia controladas pelo governo.
O primeiro-ministro da Moldávia, Dorin Recean, condenou a decisão russa, que é precursora de uma paralisação total das exportações de gás russo através da Ucrânia e para a Europa, onde flui para a Eslováquia, Áustria, Hungria e Itália, assim que o atual acordo de trânsito com a Ucrânia expirar em 31 de dezembro.
A Moldávia será a região mais atingida pela paralisação.
“Esta decisão confirma mais uma vez a intenção do Kremlin de deixar os habitantes da região da Transnístria sem luz e calor em pleno inverno”, escreveu Recean no Facebook, acusando a Rússia de usar a energia como arma política.
Moscovo rejeitou repetidamente essas alegações.
Diferença sobre a dívida
A Rússia, que critica o governo central da Moldávia, de tendência ocidental, disse que o país europeu deveria pagar a dívida sobre fornecimentos passados. Segundo cálculos russos, a dívida é de US$ 709 milhões. A Moldávia estimou a dívida em US$ 8,6 milhões.
A Gazprom disse anteriormente que quer que a Moldávia pague a dívida antes de começar a bombear gás para o país através de rotas alternativas.
A Transnístria e o governo de Chisinau concordaram em 2022 que todo o gás russo recebido pela Moldávia fluiria para a região separatista, que tradicionalmente não paga combustível.
Sem fornecimento de gás, a central elétrica poderia parar de funcionar e a Moldávia e a Transnístria enfrentariam apagões de horas semelhantes aos vividos pela Ucrânia devido aos ataques da Rússia às suas infra-estruturas energéticas durante a sua guerra.
Recean disse que a Moldávia diversificou as fontes de fornecimento de gás “a fim de reduzir a dependência de um único fornecedor”.
“Nosso país está preparado para lidar com qualquer situação que surja após a decisão do Kremlin”, acrescentou.
A população da Moldávia, de 2,5 milhões de habitantes, tem se preparado para longos cortes de energia desde que o governo da Ucrânia disse que não iria prolongar o seu contrato de trânsito com a Gazprom.
A Moldávia e a Transnístria declararam estado de emergência devido à ameaça de interrupção no fornecimento de gás. A Moldávia disse na última sexta-feira (27) que restringirá as exportações de energia e introduzirá medidas para reduzir o consumo em pelo menos um terço a partir de 1º de janeiro.
O presidente da Moldávia, Maia Sandu, acusou a Gazprom de provocar uma crise energética, dizendo que se recusava a fornecer gás através de uma rota alternativa.
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