O apresentador e âncora da CNN, Márcio Gomes, foi alvo de uma tentativa de assalto com violência na Marginal Pinheiros, em São Paulo, no final da tarde de sábado (28). O ataque ocorreu enquanto ele dirigia no acesso para a ponte Eusébio Matoso, uma área com tráfego intenso devido a obras na via, localizada na zona oeste.
Segundo relato do próprio jornalista, dois jovens abordaram o veículo. Um deles, usando um casaco, quebrou o vidro do carro com o cotovelo para tentar roubar o celular. O criminoso não conseguiu levar o aparelho. Márcio Gomes sofreu ferimentos causados pelos estilhaços.
Márcio mandou um relato à CNN. Ele ressalta a necessidade de atenção redobrada no trânsito. Durante a tentativa de roubo, um motorista buzinou, e o ladrão fugiu.
Após o ocorrido, um funcionário de um posto de gasolina o ajudou a limpar o estilhaços dentro do carro. Um funcionário de um lava-rápido também o auxiliou. Márcio, que estava com o cachorro no carro, diz que a solidariedade é o que mais dá esperanças a ele, após uma situação com essa.
“Fechar 2024 assim nunca é bom. Fica a lição de andar mais atento no trânsito. Mas também vale destacar quem me ajudou naquele momento tão difícil. Pessoas boas, que se importaram com o outro”, escreveu o âncora da CNN.
Confira o relato completo
Passava um pouco das cinco da tarde de sábado, 28 de dezembro. Estava na Marginal Pinheiros, via movimentada de São Paulo, entrando no acesso para a ponte Eusébio Matoso. A ponte está em obras – e o trânsito pior do que o normal.
Dirigia na faixa da direita, junto à calçada. Olhei para o lado e vi dois jovens caminhando – um com casaco azul de capuz, outro com camisa vermelha. Os dois olharam diretamente pra mim. Eu estava com celular na mão. Ali não me parece um ponto tão comum para se caminhar, e isso já me acendeu um alerta. Eles estavam observando o movimento e buscando sua vítima.
Os dois passaram do meu meu carro como se fossem continuar a caminhada, mas reparei pelo retrovisor que o de casaco veio por trás. Quando dei por mim, ele já estava bem ao lado da minha janela.
No vídeo que postei nas redes sociais, relatando o que aconteceu, falei que ele estava com uma pedra. Mas acho que me enganei. Não achei nenhuma pedra ou objeto pesado dentro do carro depois do ataque. Acho que ele usou o cotovelo (lembremos, ele estava de casaco num dia em que a temperatura era alta). Agora, como em câmera lenta, vejo o movimento do corpo dele em direção ao meu vidro.
Como estava atento, num movimento rápido, consegui passar o telefone para a mão esquerda (perto da porta) e levei a direita à janela, imaginando que conseguiria evitar que o vidro se rompesse. Não deu certo.
A explosão do vidro no seu rosto traz um pavor que te toca em todos os sentidos – pelo som, pelos estilhaços te atingindo, aqueles milhões de cacos passando na sua frente e te deixando cego por um instante.
Ele não chegou a enfiar a cabeça dentro do meu carro, mas buscava com os dois braços o meu telefone. Não me recordo se ele chegou a tocar no aparelho, mas ele puxava os meus braços.
Nunca se deve reagir, eu sempre repito isso – mas o reflexo foi dominante nessa hora. Precisamos treinar para “desligar os instintos”, eu sei, mas na hora só pensava em me livrar do rapaz, que devia ter uns 20 anos.
Não durou 10 segundos toda essa ação. Lembro que pelo menos um carro ao redor buzinou e isso foi a gota d’água pro rapaz desistir. Não vi se ele correu ou se saiu caminhando.
Fiz uma geral rápida: corte na mão, sangue escorrendo pelo braço, cortes menores na perna e no braço. Dava pra dirigir. Foi quando percebi a solidariedade num momento tão duro.
No carro do lado, o casal perguntava se estava tudo bem e se espantava com o sangue no braço. No posto de gasolina, o frentista que escovou meu banco (estava sentado em cacos de vidro e mal percebia). No lava-a-jato que funciona num estacionamento ao lado, o segurança me abrigou e operou o aspirador, tirando milhões de caquinhos espalhados por toda parte interna do carro.
Fechar 2024 assim nunca é bom. Fica a lição de andar mais atento no trânsito. Mas também vale destacar quem me ajudou naquele momento tão difícil. Pessoas boas, que se importaram com o outro. Olhando assim, esse talvez seja um bom motivo para começar 2025 mais otimista.
Roubos e furtos de celulares na capital paulista
De acordo com dados oficiais do Painel de Transparência da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP), entre janeiro e outubro de 2024, mais de 138 mil casos de roubo ou furto de celulares foram registrados, na capital paulista.
Os números mostram que em média foram 13.800 furtos e roubos de celulares na cidade de São Paulo.
Na região do Butantã, onde houve o atentado contra o apresentador da CNN, foram registrados 1.193 casos, sendo 650 furtos e 543 roubos. Em média, a região registrou 119 por mês, nos primeiros 10 meses de 2024.
A CNN entrou em contato com a SSP-SP para saber o que tem sido feito para coibir esse tipo de roubo na cidade de São Paulo, mas não obteve retorno até o momento.
Furtos de celular superam roubos: saiba quais os horários de maior risco
O Brasil registrou uma média de 107 celulares roubados ou furtados por hora em 2023, totalizando 937.294 ocorrências, conforme dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP).
O levantamento aponta uma mudança significativa nas modalidades de subtração de celulares. Pela primeira vez, os furtos superaram os roubos, com 494.295 furtos contra 442.999 roubos ao longo do ano.
Comparado a 2022, houve uma redução global de 4,7% nos números de roubos e furtos de celulares em 2023.