Uma investigação realizada pela Folha de S. Paulo revelou que nove municípios de Mato Grosso estão entre os suspeitos de participação em um esquema de fraude eleitoral relacionado à transferência massiva de títulos de eleitor.
O aumento expressivo nas transferências chamou a atenção das autoridades e levantou suspeitas de irregularidades nas eleições municipais realizadas em outubro deste ano.
Cidades de Mato Grosso envolvidas
As cidades mato-grossenses apontadas no levantamento são:
- Nova Nazaré: 26,9%
- Santa Cruz do Xingu: 25,4%
- Araguainha: 24,6%
- Serra Nova Dourada: 23,7%
- Ribeirãozinho: 23,4%
- Campos de Júlio: 23,4%
- Santo Afonso: 22,75%
- Cocalinho: 20,8%
- Ipiranga do Norte: 20,6%
Esses municípios apresentaram um aumento superior a 20% no número de transferências eleitorais, um índice incomum e que despertou suspeitas de manobras fraudulentas.
Modus operandi: como funcionaria o esquema
De acordo com a reportagem, o esquema teria como foco convencer eleitores de outras cidades a transferirem seus títulos para municípios menores, em troca de dinheiro ou promessas de benefícios, como cargos futuros na administração pública. O objetivo seria influenciar diretamente o resultado eleitoral, sobretudo em cidades de pequeno e médio porte, onde pequenas alterações no eleitorado podem definir uma eleição.
A fraude teria sido viabilizada com o uso de documentos falsos, como contas de consumo (água, luz) e boletos de serviços, para comprovar um vínculo inexistente entre o eleitor e o município.
Reação das autoridades
A Polícia Federal, o Ministério Público e a Justiça Eleitoral já investigam os casos, que não se limitam a Mato Grosso, mas estão presentes em outros estados do país. Nos casos denunciados, juízes eleitorais têm solicitado diligências para verificar os endereços apresentados pelos eleitores e confirmar a legalidade das transferências.
Se confirmada a fraude, a transferência de domicílio é cancelada, e os envolvidos podem responder criminalmente. Nos casos em que a irregularidade é detectada no ato do pedido, o eleitor pode ser preso em flagrante.
A resolução do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) exige a apresentação de documentos que comprovem vínculos com o município de destino. Apesar disso, o uso de informações falsas e lacunas no sistema de checagem permitiram que o esquema prosperasse em várias localidades.
O caso evidencia a necessidade de maior rigor na fiscalização e na análise das transferências eleitorais, especialmente em regiões vulneráveis a manipulações políticas. As investigações seguem em curso, e espera-se que os responsáveis sejam identificados e punidos para garantir a lisura do processo eleitoral.