O Brasil registrou mais de 657 mil denúncias sobre violações de direitos humanos em 2024. O número representa um aumento de 22,6% em relação a 2023, quando foram registradas 536,1 mil ocorrências.
Os dados são do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, por meio do Disque 100 — serviço para registro de denúncias de violações de direitos humanos.
Segundo o ministério, o número de violações também aumentou, passando de 3,4 milhões, em 2023, para 4,3 milhões, em 2024. Uma denúncia pode ter mais que um tipo de violação. Por isso, o número de denúncias é menor do que o número de violações.
“As denúncias são a quantidade de relatos de violação de direitos humanos envolvendo uma vítima e um suspeito e as violações são qualquer fato que atente ou viole os direitos humanos de uma vítima”, explicou a pasta.
Os estados que registraram o maior número de denúncias foram:
- São Paulo com 174,6 mil
- Rio de Janeiro com 83,1 mil
- Minas Gerais 72,8 mil
Trabalho escravo
As denúncias de trabalho escravo ou análogo à escravidão atingiram um recorde em 2024, totalizando 3.981 casos. Esse número representa um aumento de 13% em relação ao ano anterior, quando foram registradas 3.461 denúncias.
Segundo os dados do ministério, o Brasil tem registrado um crescimento contínuo nas denúncias de trabalho escravo desde 2020. Os números por ano são:
2019 registrou 508 denúncias;
2020 registrou 915 denúncias;
2021 registrou 1.922 denúncias;
2022 registrou 2.102 denúncias;
2023 registrou 3.461 denúncias.
Os estados com o maior número de denúncias de trabalho escravo foram os mesmos que lideraram o ranking de denúncias gerais, sendo: São Paulo com 928, Minas Gerais com 523 e Rio de Janeiro com 371.
Vítimas e agressores
De acordo com os dados, a maioria das vítimas são do gênero feminino com 372,3 mil denúncias. Pessoas brancas tiveram um total de 261,6 mil e pessoas com idade entre 70 e 74 anos foi a faixa etária mais atingida com 32,5 mil.
No entanto, o perfil dos agressores mudou e as principais vítimas também passaram a ser as principais suspeitas de agressões: as mulheres foram 28,8% mais denunciadas em 2024 em comparação ao ano anterior.
As agressoras e agressores são, em sua maioria, brancos, têm entre 30 e 34 anos e possuem parentesco de primeiro grau com a vítima, sendo mães, filhas, filhos e pais.
Segundo o ministério, as violações ocorrem, em sua maioria, na casa da vítima e do suspeito. Entre os grupos mais vulneráveis estão crianças e adolescentes, idosos e mulheres.
Entre as violações mais recorrentes, a integridade por negligência, que significa ofender o corpo ou a saúde de outra pessoa, teve um aumento de 45,2% no número de denúncias, passando de 319,6 mil para 464,3 mil ocorrências.
Na sequência, ficou a tortura psíquica com 389,3 mil denúncias, o que representou um aumento de 35% em comparação a 2023.