O primeiro ato do evento realizado pelo governo federal para relembrar os ataques de 8 de janeiro de 2023 foi marcado pelo discurso da primeira-dama, Rosângela da Silva, a Janja, além da entrega de obras restauradas.
Na fala que deu início ao evento, Janja reiterou a importância das peças vandalizadas (e posteriormente restauradas) como, por exemplo, o histórico relógio do século 17 trazido ao Brasil por dom João VI, o quadro “As Mulatas”, de Di Cavalcanti, e uma ânfora portuguesa.
“Preservar nosso patrimônio histórico é tão importante para sempre nos lembrarmos daquilo que fomos e dos caminhos que devemos trilhar para construímos um amanhã em que todos os brasileiros tenham vez e voz”, disse Janja.
“Diante da destruição das obras de arte, nós colocamos a tarefa de restaurar o Palácio como símbolo da força do nosso compromisso com a democracia. Em cima dessas lágrimas [dos trabalhadores do Planalto] essa reconstrução se fez. Nada é maior do que a vontade do povo brasileiro de permanecer livre e com plenos direitos. Arte e liberdade são inseparáveis”, prosseguiu a primeira-dama.
Em seguida, Janja elogiou a classe artística brasileira e fez menção ao Globo de Ouro conquistado pela atriz Fernanda Torres, que interpretou Eunice Paiva, advogada e esposa do ex-deputado Rubens Paiva, no longa “Ainda Estou Aqui”.
“Exemplo disso é o fato de a nossa queridíssima amiga Fernanda Torres ter recebido uma premiação tão importante por sua atuação em ‘Ainda Estou Aqui’, representando uma mulher forte e determinada como Eunice Paiva em um filme que relembra uma parte triste e obscura da nossa história, mas que não podemos esquecer. A arte e suas diferentes formas é uma ferramenta necessária para manter viva a nossa memória e a história de nosso país”, afirmou Janja.
“Nossos artistas têm contribuído para a construção de um país mais justo e democrático. Afinal, arte e liberdade são inseparáveis. Não houve momento da história em que ações autoritárias aconteceram sem que nossos artistas levantassem a voz em defesa da democracia. Os artistas brasileiros projetam aquilo que nosso país tem de melhor: sua gente e sua inventividade transformadora e inovadora”, completou.
Restauração de relógio
Ao comentar o reparo do relógio trazido pela família real portuguesa ao país em 1808, o embaixador da Suíça no Brasil, Pietro Lazzeri, ressaltou que o conserto do objeto “foi complexo, precisou de exclência da fiabilidade, mas também da criatividade e do jeitinho suíço-brasileiro“.
O relógio de pêndulo coberto por cascos de tartaruga foi desenhado por André-Charles Boulle e fabricado pelo relojoeiro francês Balthazar Martinot.
Os reparos foram feitos em um dos mais tradicionais fabricantes de relógios do mundo, a Audemars Piguet e, de acordo com o embaixador, demandaram mais de mil horas de trabalho de vários profissionais.
Em sua fala, Lazzeri destacou que a Suíça está “orgulhosa em ter contribuído”.
“São tempos desafiadores, complexos, acho que é fundamental valorizar e cuidar das nossas relações, da nossa amizade, dos nossos direitos humanos e das nossas democracias, que são delicadas e ao mesmo tempo resilientes, como esse relógio que volta aqui, hoje, no coração do Brasil”, disse.