Dólar avança com temor sobre planos tarifários de Trump; bolsa cai

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O dólar subia frente ao real nesta quarta-feira (8), em linha com os ganhos nos mercados globais, à medida que os investidores reagiam a novas notícias sobre os planos tarifários do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, e a dados sólidos da maior economia do mundo.

Às 10h20, o dólar à vista subia 0,63%, a R$ 6,1392 na venda.

No mesmo horário, o Ibovespa, índice de referência do mercado acionário brasileiro, perdia 0,49%, a 120.571,73 pontos. O contrato futuro do índice com vencimento mais curto, em 12 de fevereiro, caía 0,61%.

Nesta manhã, o foco dos investidores estava no cenário externo, uma vez que os mercados seguem se posicionando para o início do governo Trump, que retorna à Casa Branca em 20 de janeiro.

A CNN informou mais cedo que o presidente eleito está considerando declarar emergência econômica nacional nos EUA como uma forma de garantir justificativa legal para a imposição de tarifas de importação sobre aliados e adversários quando tomar posse.

Após a notícia, os agentes financeiros voltaram a demonstrar receios pelas promessas tarifárias do republicano, que são consideradas inflacionárias por analistas, o que pode manter a taxa de juros dos EUA elevada e aumentar os rendimentos dos Treasuries, tornando o dólar mais atrativo.

O movimento era uma reversão do maior apetite por risco observado na segunda-feira, quando uma reportagem do The Washington Post havia sugerido que assessores de Trump estariam planejando tarifas apenas sobre importações de setores críticos para os EUA, o que fez a moeda norte-americana ceder.

Os mercados também continuam digerindo dados divulgados na terça-feira que reforçaram a percepção de resiliência da economia norte-americana, um outro impulso para o dólar.

Um relatório do governo mostrou que o número de vagas de emprego em aberto para o mês de novembro teve uma alta inesperada, sinalizando que o mercado de trabalho dos EUA continua sólido, apesar de desacelerar gradualmente.

Uma pesquisa do Instituto de Gestão de Fornecimento (ISM) ainda apontou que o setor de serviços dos EUA, que compõe dois terços da economia do país, voltou a acelerar sua expansão em dezembro.

Os dados recentes sobre a economia dos EUA têm consolidado as expectativas de que o Federal Reserve reduzirá o ritmo de afrouxamento da política monetária, com 95% de chance das autoridades manterem os juros inalterados na reunião deste mês.

“Esse conjunto de informações, mercado de trabalho mais aquecido, atividade de serviços mais aquecida e uma possível resiliência inflacionária no setor de serviços, todos sugerem a ideia de que o Federal Reserve não vai ter muito espaço para novos cortes de juros”, disse Leonel Mattos, analista de Inteligência de Mercado da StoneX.

O Fed divulga mais tarde a ata da reunião de política monetária de dezembro, quando reduziu os juros em 25 pontos-base, encerrando o ano de 2024 com 100 pontos acumulados de afrouxamento em três movimentos.

O índice do dólar — que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas — subia 0,52%, a 109,270.

Cena doméstica

O mercado segue receoso em relação ao cenário fiscal brasileiro, com dúvidas sobre o compromisso do governo em equilibrar as contas públicas, o que foi o principal fator para o dólar ultrapassar e se manter acima do nível de 6 reais no fim do ano passado.

Na frente de dados, o IBGE relatou que a produção industrial brasileira registrou queda de 0,6% em novembro na comparação com o mês anterior.

O destaque da semana no Brasil será a divulgação do IPCA de dezembro na sexta-feira, à medida que os agentes financeiros seguem preocupados com a trajetória da inflação no país.

Quando a alta do dólar vai afetar o bolso dos brasileiros?

 

*Com informações da Reuters

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