A SpaceX remarcou o sétimo voo de teste do Starship, o sistema de foguete mais poderoso já construído pela humanidade, para a tarde de quinta-feira (16). A mudança de data ocorre devido às condições climáticas registradas nesta quarta (15).
Esta já é a segunda vez que o sétimo lançamento de teste é adiado nesta semana, após o anúncio de que seria realizado na segunda-feira (13).
O veículo de quase 121 metros de altura foi projetado para ir ainda mais longe na tentativa de levar astronautas de volta à Lua e, um dia, realizar o sonho do CEO Elon Musk de enviar os primeiros humanos a Marte.
A Nasa concordou em pagar à SpaceX cerca de US$ 3 bilhões (cerca de R$ 18 milhões, na cotação atual) para desenvolver o Starship, que está programado para servir como um módulo lunar transportando humanos à superfície da Lua já em 2027.
O voo iminente testará uma atualização do Starship que visa melhorar as capacidades do veículo – e sua capacidade de sobreviver à viagem de volta do espaço – além de realizar uma manobra experimental projetada para testar como satélites podem ser implantados a partir desta “nova geração” da nave espacial.
Como assistir ao 7º voo teste do Starship?
A decolagem está prevista para ocorrer após as 19h desta quinta-feira (16), no horário de Brasília (16h no horário local), a partir da plataforma de lançamento da SpaceX em suas instalações Starbase, próximo a Brownsville, Texas, nos EUA. A janela de lançamento permanecerá aberta por uma hora.
A empresa fará a transmissão ao vivo do evento em seu site e em seu perfil no X, a rede social anteriormente conhecida como Twitter que Musk comprou em 2022. O vídeo deve ter início 35 minutos antes do início da janela de lançamento, ou seja, por volta de 18h25, horário de Brasília.
O propulsor Super Heavy, a parte inferior do veículo conhecida como primeiro estágio, fornece o impulso inicial após a decolagem. O propulsor acionará seus 33 motores Raptor por cerca de 2 minutos e meio para impulsionar o veículo Starship não tripulado da plataforma de lançamento em direção ao espaço.
Pela primeira vez, um desses 33 motores Raptor já esteve no espaço antes: a SpaceX disse que está reutilizando um motor recuperado do propulsor Super Heavy usado durante o quinto voo de teste da empresa em outubro. Testar a capacidade dos motores Raptor de voar múltiplas missões é fundamental para a SpaceX: a empresa pretende reutilizar todas as partes do sistema Starship para reduzir custos e diminuir o tempo entre as missões.
O lançamento desta quinta-feira marcará o sétimo voo do sistema Starship totalmente integrado.
O propulsor Super Heavy vai repetir a manobra de pouso no ar?
Após consumir a maior parte de seu combustível, o propulsor Super Heavy se separará da nave Starship, que acenderá seus próprios motores e começará a subir pelo espaço.
O gigantesco propulsor se direcionará de volta ao local de lançamento e tentará um pouso suave, aterrissando precisamente entre duas enormes pinças metálicas suspensas no ar, ou “hashis”, acopladas à torre de lançamento da SpaceX, apelidada de “Mechazilla” pelo CEO Elon Musk.
A SpaceX realizou a manobra pela primeira vez em outubro de 2024. Durante o próximo voo de teste em novembro, no entanto, a empresa abortou uma tentativa de pouso do Super Heavy em terra firme após sensores na zona de pouso terem sido danificados durante o lançamento inicial.
Os engenheiros descobriram que o “hardware crítico” não passou em uma verificação de integridade. Em vez disso, o propulsor Super Heavy caiu no Golfo do México e não foi recuperado.
Durante o próximo teste, a SpaceX terá novamente a opção de mudar de rota durante o voo e executar um pouso no oceano do propulsor se surgirem problemas de segurança. Mas a SpaceX indicou que suas esperanças são maiores, observando em um post do blog que as “atualizações na torre de lançamento e captura aumentarão a confiabilidade para a captura do propulsor”.
As atualizações incluem melhor proteção para os sensores na Mechazilla que falharam durante o voo de teste de novembro e levaram a empresa a desviar para um pouso no oceano.
Nave espacial de última geração
Enquanto isso, a nave Starship, ou o estágio superior do foguete projetado para transportar satélites ou humanos, testará uma série de atualizações feitas pela empresa.
O sistema de propulsão da nave, por exemplo, foi alterado para aumentar o volume de propelente em 25%. A capacidade de armazenar mais combustível permite que a nave acione seus motores por mais tempo. Antes deste voo de teste, a nave Starship podia armazenar cerca de 1.200 toneladas métricas de oxidante e combustível, segundo a empresa anteriormente.
Em uma grande primeira vez, o Starship também tentará implantar 10 “simuladores” de satélites, disse a SpaceX, que serão “similares em tamanho e peso” à próxima geração de satélites de internet Starlink da empresa.
Os simuladores não permanecerão no espaço, observou a empresa. Em vez disso, eles viajarão em uma trajetória suborbital, muito semelhante à nave Starship, que deve pousar no Oceano Índico cerca de uma hora após a decolagem. Antes que esta nave específica chegue ao seu destino aquático final, no entanto, a SpaceX testará alguns outros objetivos-chave.
Enquanto o veículo Starship estiver no espaço, a SpaceX tentará reacender um de seus motores — testando como a nave poderá acionar seu sistema de propulsão mais de uma vez em futuras missões que exijam mais de uma ignição do motor. A empresa testou o reacendimento de um motor Starship durante o voo de teste de novembro, considerando o teste um sucesso.
Neste sétimo teste de voo do sistema integrado de foguetes, a SpaceX fez alterações no Starship que incluem ajustes nas aletas do veículo, as estruturas semelhantes a asas que se projetam da ponta da nave. Para esta missão, as aletas são menores e foram deslocadas mais para a ponta do veículo, segundo a SpaceX.
Esta modificação foi projetada para reduzir a tensão nas aletas durante a reentrada, ou a parte do voo durante a qual o Starship começa a mergulhar de volta na atmosfera terrestre enquanto ainda viaja a milhares de quilômetros por hora, de acordo com a SpaceX. A manobra pode aquecer o exterior do Starship a mais de 2.600 graus Fahrenheit (1.427 graus Celsius), segundo dados de voos anteriores, e já carbonizou as aletas do Starship transformando-as em “mãos esqueléticas”, como disse Musk, sob a física impactante da reentrada.
O caminho pela frente
Desde que os testes de lançamento do sistema Starship começaram em abril de 2023, a SpaceX testemunhou o veículo Starship passar de explosões minutos após a decolagem para voos refinados que terminam com o veículo fazendo pousos controlados no oceano. O pouso bem-sucedido de um propulsor Super Heavy em sua plataforma de lançamento usando a manobra de captura com “hashis” em outubro também marcou um passo monumental.
Mas o sistema Starship ainda tem um longo caminho a percorrer antes que possa levar humanos de volta à superfície lunar ou levar os primeiros humanos a Marte.
A SpaceX ainda não realizou uma missão orbital ou testou como o Starship fará o encontro com outro veículo para reabastecimento no espaço, uma manobra que a empresa deve aperfeiçoar para fornecer ao veículo combustível suficiente para chegar à Lua.
Musk disse em 2020 que espera que a SpaceX lance “centenas de missões” com satélites antes de tentar um voo tripulado do Starship. Como indicado pelos simuladores Starlink neste último voo, a empresa planeja usar o Starship para implantar lotes de seus satélites de internet no futuro.
A empresa também pretende definir como pousar e reutilizar a nave Starship – em vez de perdê-la em um pouso no oceano sem recuperação.
Semelhante ao propulsor Super Heavy, esta parte superior do veículo deve pousar verticalmente nos braços da torre de lançamento Mechazilla após o voo para que possa ser rapidamente reutilizada.
Durante a transmissão do teste de lançamento da SpaceX em novembro, as engenheiras Jessie Anderson e Kate Tice disseram que a empresa estava finalizando a construção da “Starfactory” de 92.903 metros quadrados em suas instalações Starbase no sul do Texas. O objetivo dessa unidade é fabricar veículos Starship – “centenas de naves por ano”, disse Anderson.
A SpaceX prevê que precisará de uma grande frota de propulsores Super Heavy – e um número ainda maior de naves Starship. Isso porque os veículos Starship “permanecerão no espaço para missões de longa duração para ir à Lua ou Marte ou se tornar tanques para reabastecimento”, disse Anderson. “Mas os propulsores voltarão e se prepararão para lançar a próxima nave”.
“Esse [ritmo de produção] pode parecer loucura”, observou Tice. “E é porque realmente é”.
*Com informações de Jackie Wattles, da CNN Internacional
Starship, da SpaceX, é foguete mais poderoso já construído; entenda
Este conteúdo foi originalmente publicado em SpaceX adia 7º voo teste do Starship para quinta (16); saiba como assistir no site CNN Brasil.