O diretor-executivo para as Américas da Eurasia Group, Christopher Garman aponta que a possibilidade de que rejeição ao presidente Lula se deve a problemas de comunicação não se sustenta diante dos dados disponíveis.
Garman argumenta que, ao contrário do que o governo acredita, a aprovação de Lula está ‘razoavelmente alta’, considerando o cenário de intensa polarização política no Brasil. O analista destaca que o presidente termina seu segundo ano de mandato com uma taxa de apoio próxima à que foi eleito, algo raro na América Latina.
Polarização e teto de aprovação
De acordo com os dados apresentados, Lula foi eleito com 52% de aprovação, chegou a 54% e agora está entre 49% e 50%. Paralelamente, o apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro permanece estável, em torno de 43%. Garman ressalta que 38% da população ainda acredita que Bolsonaro venceu a última eleição presidencial.
“Isso significa que o teto de apoio popular para o presidente Lula se encontra um pouco abaixo de 60%”, afirma Garman. Neste contexto, uma taxa de aprovação de 50% é considerada um “feito muito positivo”, dado que o “voto capturável” de Lula é significativamente menor do que em governos anteriores.
Economia como fator-chave
O analista enfatiza que o que sustenta o patamar relativamente alto de aprovação, considerando o baixo teto, é o desempenho econômico. “O problema não é uma falta de estratégia de comunicação, mas o fato que, num país tão dividido e polarizado, os ganhos econômicos não levam a taxas de aprovação muito mais elevadas”, explica.
Garman afirma que, em vez de focar em uma nova estratégia de comunicação, o governo Lula deveria se concentrar em garantir que os ganhos econômicos dos últimos dois anos não sejam corroídos por uma crise de confiança nas contas públicas. Esta abordagem, segundo o especialista, seria mais eficaz para manter e aumentar potencialmente o apoio popular ao presidente.