O dólar à vista fechou em baixa frente ao real nesta quarta-feira (15), se aproximando dos R$ 6, à medida que investidores reagiam a dados de inflação ao consumidor nos Estados Unidos que mostraram que a alta do núcleo dos preços na base anual se aproximou ainda mais da meta de 2% do Federal Reserve (Fed).
A divisa norte-americana à vista encerrou em queda de 0,36%, cotado a R$ 6,0251 na venda. Já o Ibovespa disparou 2,81%, a 122.650,20 mil pontos.
Nesta tarde, o secretário da Receita Federal, Robinson Barreirinhas, anunciou que será revogada a regra de monitoramento do Pix.
“Vamos revogar ato da Receita que mudou valores para monitoramento de movimentações financeiras. Pessoas inescrupulosas distorceram e manipularam o ato normativo da Receita Federal prejudicando milhões de pessoas, causando pânico principalmente na população mais humilde”, afirmou Barreirinhas.
O Fisco buscou combater os rumores ao longo dos últimos dias, porém Barreirinhas comentou sobre uma “continuidade do dano”, apesar dos esforços.
EUA
O governo norte-americano informou que o núcleo de seu índice de inflação ao consumidor subiu 0,2% em dezembro, após registrar avanços de 0,3% nos quatro meses anteriores, o que levou a uma desaceleração na alta em 12 meses para 3,2%, de 3,3% em novembro.
Economistas consultados pela Reuters esperavam um avanço de 3,3% no núcleo da inflação em relação ao ano anterior.
Com isso, operadores passaram a apostar em um afrouxamento monetário maior a ser realizado pelo Fed neste ano, com as apostas agora indicando 37 pontos-base de reduções em 2025, de 31 pontos antes da divulgação dos dados. Ainda se espera que os juros fiquem inalterados na reunião de janeiro.
A expectativa pela possibilidade de dois cortes de juros este ano derrubava os rendimentos dos Treasuries, o que, consequentemente, provocava perdas amplas por parte do dólar nos mercados globais.
Antes da divulgação dos dados, o dólar operava em alta no Brasil, rondando um ganho de 0,3%.
No início da semana, por outro lado, as apostas dos operadores sobre o ciclo de afrouxamento do Fed vinham mostrando uma expectativa cada vez menor por cortes nos juros, uma vez que os mercados digeriam dados fortes de emprego divulgados na última sexta-feira (10).
O banco central dos EUA ainda deve demonstrar uma abordagem cautelosa nas próximas decisões, como apontado pelos próprios membros, mas a leitura de inflação desta quarta abre a porta para um afrouxamento maior à frente.
Novas declarações do presidente eleito dos EUA também podem influenciar o sentimento dos investidores, que ponderam sobre com qual agressividade e rapidez Trump pretende implementar seus planos de imposição de tarifas de importação.
Cenário interno
Na cena doméstica, o início do ano tem sido marcado por poucas notícias e dados relevantes, após o enorme receio fiscal demonstrado no ano passado que fez o dólar disparar nas últimas sessões de 2024.
O mercado também se prepara para um esperado aperto na taxa de juros nos primeiros meses do ano, com o Banco Central tendo sinalizado que realizará dois aumentos de 1 ponto percentual na Selic, agora em 12,25% ao ano, nas duas primeiras reuniões de 2025.
Analistas apontam que as preocupações com o compromisso do governo em equilibrar as contas públicas devem continuar sendo o principal tema no cenário doméstico neste ano.
“O problema do Brasil é fiscal e enquanto o governo não apresentar medidas materiais que possam construir uma ponte para 2026, o mercado vai ter episódios com tom de pessimismo”, disse Matheus Spiess, analista da Empiricus Research.
Na frente de dados desta quarta, o volume de serviços teve em novembro queda de 0,9% em relação ao mês anterior, em resultado pior do que a expectativa em pesquisa da Reuters de recuo de 0,3%. Essa foi a retração mais intensa até então no ano e a mais forte para meses de novembro desde 2015.
Mínimo tem alta real, mas poder de compra seguirá estagnado até 2026
*Com informações da Reuters