SÃO PAULO (Reuters) – As taxas dos DIs fecharam a sexta-feira em alta, pelo segundo dia consecutivo, em mais uma sessão de ajustes após os recuos do início do ano e com o mercado à espera da posse do novo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, na segunda-feira.
No fim da tarde, a taxa do DI (Depósito Interfinanceiro) para julho de 2025 — um dos mais líquidos no curtíssimo prazo — estava em 14,035%, ante o ajuste de 14,012% da sessão anterior. Já a taxa do contrato para janeiro de 2026 marcava 14,97%, com elevação de 6 pontos-base ante o ajuste de 14,906%.
Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2031 estava em 15,15%, em alta de 18 pontos-base ante 14,968% do ajuste anterior, e o contrato para janeiro de 2033 tinha taxa de 15,07%, ante 14,846%.
Assim como na sessão de quinta-feira, investidores realizaram lucros na renda fixa nesta sexta-feira e recompuseram posições compradas em taxas, após os recuos vistos desde o início do ano.
“A alta das taxas hoje é mais uma correção. As taxas estão voltando aos patamares do que seria o risco fiscal brasileiro”, comentou durante a tarde Vitor Oliveira, sócio da One Investimentos.
“Outro ponto é a posse do Trump na segunda-feira. Tanto que o , que estava tendo mais volatilidade nas últimas semanas, está no zero a zero, com o mercado aguardando o que virá”, acrescentou.
A expectativa antes da posse de Trump também travava os rendimentos dos Treasuries, que no fim da tarde estavam próximos da estabilidade nos títulos de dez anos.
No mercado, uma das avaliações é de que, dependendo das medidas a serem adotadas no início do governo Trump — se mais ou menos inflacionárias para os Estados Unidos –, o mercado de Treasuries tende a passar por ajustes mais fortes, com reflexos para a curva de juros no Brasil.
Durante a tarde, com o mercado já mais esvaziado no Brasil, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, reconheceu que o patamar da dívida pública preocupa, mas afirmou que o governo seguirá trabalhando.
“No que diz respeito à Fazenda, é trabalhar o fiscal estruturalmente”, disse ele em entrevista à CNN Brasil, quando questionado sobre como pretende tratar o endividamento ascendente.
Haddad também afirmou que não enxerga atualmente um cenário de dominância fiscal — quando a política monetária perde sua eficácia no controle da inflação em função do desequilíbrio fiscal.
Perto do fechamento, a curva precificava 88% de probabilidade de elevação de 100 pontos-base da taxa básica Selic no fim deste mês, contra 12% de chance de aumento de 125 pontos-base. Na véspera, os percentuais eram de 90% e 10%, respectivamente. Atualmente, a Selic está em 12,25% ao ano.
Às 16h37, o –referência global para decisões de investimento– subia 1 ponto-base, a 4,611%.