Morre Léo Batista, “a voz marcante do esporte”, aos 92 anos

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O jornalista esportivo João Baptista Bellinaso Neto, o Léo Batista, morreu neste domingo (19), aos 92 anos, no Rio de Janeiro. Ele estava internado em estado grave após complicações de um tumor no câncer e uma trombose — formação de coágulo sanguíneo em veia ou artéria.

O jornalista supera os 70 anos de carreira e chamou a atenção por seu estilo descontraído. Ele iniciou a carreira no rádio e participou da cobertura da primeira Copa do Mundo no Brasil, em 1950. Antes, aos 15 anos, ele trabalhou em serviços de alto-falantes em sua cidade natal, Cordeirópolis (SP).

Léo chegou à televisão em 1955, na extinta TV Rio, e migrou para a Globo em 1970 para a cobertura da Copa do Mundo. Ele é um dos funcionários mais antigos da emissora carioca.

Léo Batista foi um dos criadores do Globo Esporte e é o apresentador mais antigo em atividade na emissora. Ele foi o primeiro apresentador do Jornal Hoje (1971), do Esporte Espetacular (1973) e do Globo Esporte (1978). Ele ainda narrou os “gols do Fantástico” aos domingos.

O jornalista ficou conhecido como “A Voz Marcante” e ganhou documentário do sportv. A série conta com quatro episódio e percorre a longa carreira do repórter e locutor paulista.

Torcedor declarado do Botafogo, Léo Batista ganhou uma cabine com seu nome no Nilton Santos. Ele também já anunciou a escalação do time e ganhou até camisa personalizada do clube.

Léo Batista foi o primeiro a narrar surfe e Fórmula 1 na televisão brasileira e noticiou a morte do presidente Getúlio Vargas em 1954. Fora do esporte, ele comandou o programa de auditório Clube da Alegria e até algumas edições de sábado do Jornal Nacional.

Ao todo, Léo Batista participou da cobertura de 13 edições de Jogos Olímpicos e de 13 Copas do Mundo. O jornalista era viúvo desde janeiro de 2022, quando sua esposa foi encontrada morta em uma piscina. Ele e Leyla Chavantes Belinaso foram casados por seis décadas.

Quase foi demitido por causa de gravata

“O Boni [diretor da Globo na época] me mandou um memorando me ameaçando de demissão: ‘Hoje, Léo, você usou uma gravata anti televisiva’, falou que se eu repetisse eu tava demitido sumariamente. Eu tenho os memorandos, eu guardo tudo, eu sou lixeiro. Lixeiro no sentido de guardar. Não posso jogar fora isso, é memória, é história”, disse Léo Batista, ao Esporte Espetacular, em 2022.

Ele contou ainda que levou uma bronca por estar “muito sorridente” em uma edição do Globo Esporte: “O Armando me mandou um memorando falando que eu estava muito sorridente, muito alegrinho no Globo Esporte e que eu tinha que ser mais sério. Eu falei ‘peraí, eu tô falando de futebol, de esporte, de alegria, ué’. Hoje em dia contam até piada”.

Pandemia e nada de aposentadoria

Léo Batista se dedicou ao artesanato durante a pandemia. Em entrevista ao jornal O Globo, em 2021, ele contou que fez bandejas, flores, canecas, regadores e até porta-chaves.

“Antes de jogar alguma coisa fora, sempre penso se ela teria outra finalidade. Meu pai era pedreiro e, quando garoto, eu o ajudava. Acho que comecei a desenvolver habilidades manuais naquela época’, disse Léo Batista, ao O Globo, em 2021.

Ele ainda descartou a aposentadoria e afirmou que “enquanto tiver saúde para continuar trabalhando, é o que pretendo fazer”. Na época, Léo Batista estava com 89 anos.

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