O dólar à vista fechou em queda ante o real nesta segunda-feira (20), com os mercados globais acompanhando a posse de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos. Investidores nacionais também digerem os dois leilões de linha pelo Banco Central (BC) realizados durante a manhã.
A divisa encerrou com recuo de 0,38%, cotado a R$ 6,0420 na venda.
Já o Ibovespa tinha ganho marginal durante a sessão, sem a referência das bolsas norte-americanas por feriado nos Estados Unidos. A B3 fechou com um avanço de 0,41%, a 122.855,15 pontos.
De acordo com Davi Lelis especialista e sócio da Valor Investimentos, o que impulsionou o Ibovespa para cima foi o alívio dos juros futuros. “Isso quer dizer que o mercado tem precificado um leve otimismo para o médio e longo prazo”, avaliou.
Na última sexta-feira (17), o dólar à vista fechou em leve alta de 0,16%, a R$ 6,0650. Na semana, porém, a moeda acumulou baixa de 0,62%.
As atenções se voltam nesta segunda para o início do novo governo Trump nos EUA, com ampla expectativa entre investidores para o discurso a ser proferido pelo presidente eleito na posse e a assinatura de uma série de decretos que buscarão estabelecer a marca da nova gestão já no primeiro dia do mandato.
Duas fontes familiarizadas com o assunto indicaram que Trump deve assinar nesta segunda mais de 100 decretos sobre uma diversidade de temas, que vão desde controle rígido à imigração até a abertura de novas fronteiras para a exploração de petróleo e, possivelmente, a imposição de tarifas de importação.
Analistas apontam que as promessas econômicas de Trump têm potencial inflacionário, o que forçaria o Federal Reserve a manter a taxa de juros em um patamar elevado, favorecendo o dólar e os rendimentos dos Treasuries.
“Investidores aguardam pela posse de Donald Trump para ver se realmente algo vai ser anunciado, se alguma medida executiva vai ser tomada e quais poderão ser os impactos sobre a economia global”, disse Leonel Mattos, analista de Inteligência de Mercado.
Operadores já têm reduzido as apostas de cortes na taxa de juros pelo Fed na esteira de dados recentes que apontaram que o mercado de trabalho dos EUA continua resiliente, com a taxa de desemprego caindo no mês passado.
A repercussão mais ampla dos anúncios de Trump, no entanto, só deve ser conhecida na terça-feira, uma que vez os mercados dos EUA estão fechados devido ao feriado do Dia de Martin Luther King Jr.
Cenário doméstico
Na cena doméstica, agentes financeiros aguardavam dois leilões de linha (venda de dólares com compromisso de recompra) que foram realizados pelo BC durante a manhã, na qual foi a primeira intervenção cambial desde o início do mandato do novo presidente da autarquia, Gabriel Galípolo.
O BC informou na última sexta-feira (17) que fará dois leilões de linha com oferta total de US$ 2 bilhões.
O leilão de linha A foi realizado entre 10h20 e 10h25, com oferta de US$ 1 bilhão e data de recompra em 4 de novembro de 2025. Já o leilão de linha B aconteceu das 10h40 às 10h45, com oferta de US$ 1 bilhão e data de recompra em 2 de dezembro de 2025.
Em dezembro, o BC vendeu um total de US$ 32,6 bilhões ao mercado em leilões extras, para dar conta da demanda de fim de ano pela moeda norte-americana, considerando operações de linha e operações de venda de moeda sem compromisso de recompra.
O dólar disparou no fim do ano passado com o acirramento dos receios do mercado com o cenário fiscal brasileiro, após o governo anunciar no fim de novembro um projeto de reforma do Imposto de Renda que ofuscou a apresentação de medidas de contenção de gastos.
Além disso, entre os indicativos, o destaque foi a divulgação do Boletim Focus, onde analistas passaram a ver uma taxa Selic mais alta ao fim do próximo ano, elevando também suas projeções para a inflação em 2025 e 2026.
O levantamento, que capta a percepção do mercado para indicadores econômicos, mostrou que a expectativa para a taxa básica de juros agora é de 12,25% ao fim do próximo ano, de 12,00% na semana anterior. Em 2025, a projeção de 15,00% foi mantida.
*Com informações da Reuters