O governo do presidente Luiz Inacio Lula da Silva (PT) pretende se contrapor à gestão de Donald Trump na Casa Branca e apresentar para investidores reunidos no Fórum Econômico Mundial, em Davos, um plano de atração de data centers com base em energias renováveis.
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, embarcou nesta segunda-feira (20) à noite para os Alpes suíços com a missão de “vender” o Brasil como um destino seguro para esses investimentos bilionários. Os data centers, que consomem enorme quantidade de energia, são fundamentais para o futuro da inteligência artificial e da computação em nuvem.
A intenção é diferenciar-se dos Estados Unidos, com sua aposta renovada em combustíveis fósseis, e colocar o Brasil como alternativa para receber esse tipo de infraestrutura – mas respeitando os princípios da transição energética e da sustentabilidade ambiental.
O governo Lula acredita que, assim, aumentará as chances de atrair multinacionais preocupadas com a agenda climática e incomodadas com a saída do Acordo de Paris pelos Estados Unidos.
De acordo com a Agência Internacional de Energia (AIE), o consumo de energia em data centers no mundo, que foi de 460 terawatt-hora (TWh) em 2022, pode chegar a 1.050 TWh em 2026 com o avanço da IA, o que equivale ao dobro da energia que o Brasil consome em um ano.
Silveira dirá aos investidores em Davos que o Brasil trabalha para concluir um plano nacional de desenvolvimento de data centers até o fim do primeiro semestre. Esse plano será elaborado em conjunto pelos ministérios de Minas e Energia, da Fazenda e do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC).
O Brasil já se sente à vontade, entretanto, para “vender” a ideia de que possui energia farta, limpa, confiável e barata para receber essa infraestrutura.
Mais de 80% da matriz elétrica brasileira é de fontes renováveis: hidrelétrica, eólica, solar e biomassa. Além disso, novos leilões previstos para 2025 devem reforçar a característica de um parque gerador com baixíssimas emissões de gases do efeito-estufa.
Neste ano, está previsto o primeiro leilão para armazenamento de energia, que permitirá estocar a eletricidade intermitente produzida por usinas eólicas e fotovoltaicas.
Há ainda a previsão de um certame focado em pequenas centrais hidrelétricas (PCHs) e outro com participação de térmicas a gás, mas que dará mais estabilidade ao sistema.
Tudo isso rivaliza com a política de “drill, baby, drill” alardeada por Trump. O presidente recém-empossado está afrouxando a regulação para explorar mais petróleo e gás nos Estados Unidos.
A consultoria de Thymos Energia projeta que os investimentos totais em infraestrutura de data centers no Brasil cheguem a R$ 60 bilhões até 2030.
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