Trump defende corte de juros e diz entender mais de política monetária que membros do Fed Por Reuters

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Por Michael S. Derby e Dan Burns

(Reuters) – O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse nesta quinta-feira querer que o Federal Reserve corte os juros, em um momento no qual o banco central norte-americano congelou a taxa básica por tempo indeterminado, e afirmou entender mais de política monetária do que os responsáveis por ela.

“Com os preços do caindo, exigirei que as taxas de juros caiam imediatamente, e elas também deveriam cair em todo o mundo”, defendeu Trump nesta quinta-feira, durante o Fórum Econômico Mundial em Davos, na Suíça.

Em evento da Casa Branca após o comentário no fórum, Trump afirmou achar que entende “muito mais sobre taxa de juros do que eles, e acho que entendo muito mais do que aquele a cargo de tomar essa decisão”, em aparente referência ao presidente do Banco Central, Jerome Powell.

Em seu primeiro mandato, Trump foi o responsável pela indicação de Powell.

O comentário de Trump ocorre cinco dias antes da primeira reunião do Fed sob sua Presidência, marcada para os dias 28 e 29 de janeiro. Há uma ampla expectativa de que o Fed mantenha a taxa de juros. O Fed cortou pela última vez sua taxa em dezembro, em 25 pontos-base, levando-a para a banda de 4,25% a 4,5%.

Em 2024, o Fed baixou a taxa de juros em um ponto percentual, em meio a um cenário de abrandamento da pressão inflacionária e uma impressão, entre as autoridades do Fed, de que a política monetária deveria exercer menos restrições à economia. O encontro de dezembro do Fed também reduziu as expectativas de cortes em 2025, por causa de níveis de inflação mais altos e a previsão de um crescimento um pouco mais robusto nos EUA.

Várias autoridades do Fed, incluindo o próprio Powell, expressaram a necessidade de cautela na queda do juro, em razão da persistente inflação. As propostas de Trump foram levadas em consideração nas previsões emitidas no encontro de dezembro. Baixar os juros com a inflação acima da meta de 2% pode piorar a pressão sobre os preços.

“O panorama econômico permanece muito incerto, especialmente sobre as políticas fiscal, comercial, imigratória e regulatória potenciais”, afirmou o presidente do Federal Reserve de Nova York, John Williams, na semana passada. “Assim, nossas decisões nas ações da política monetária futura seguirão embasadas na totalidade dos dados, na evolução do cenário econômico e nos riscos de atingir nossos dois mandatos.”

Segundo muitos economistas e investidores, a ameaça de Trump de impor tarifas em larga escala sobre parceiros comerciais dos Estados Unidos — impostos de fato sobre as importações — e a possível deportação de um grande número de imigrantes sem documentos podem reacender as pressões inflacionárias.

A dúvida para o Fed seria se o aumento de preços aconteceria de uma só vez ou teria uma vigência mais longa, exigindo assim taxas de juros mais altas.

© Reuters. Presidente dos EUA, Donald Trump, participa por vídeo de encontro do Fórum Econômico Mundial em Davos, na Suíça
23/01/2025
REUTERS/Yves Herman

Algumas autoridades do Fed acreditam que, em breve, haverá clareza suficiente para a redução das taxas. Citando dados recentes mais favoráveis quanto à pressão nos preços, o governador do Fed Christopher Waller disse à CNBC que “se continuarmos recebendo números como esses, é razoável pensar que cortes nas taxas podem possivelmente acontecer no primeiro semestre do ano”.

Em geral, Trump foi crítico ao Fed pelo aumento da taxa de juros durante seus primeiros dois anos do mandato inicial, atacando duramente Powell. O mandato do dirigente vai até 2026. Antes de assumir o posto, Trump afirmou que não deseja removê-lo de suas funções, pois há também dúvidas quanto à legalidade de uma eventual mudança.

(Reportagem de Dan Burns, Michael S. Derby, Katherine Jackson e Trevor Hunnicutt)

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