“Enfrentamos problemas de diálogo e de participação“, diz servidora do IBGE

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Em meio a exonerações e críticas à gestão de Márcio Pochamnn, no comando do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a CNN conversou com Clician Oliveira, que faz parte do Conselho Curador da Fundação IBGE+ e do Conselho Político do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras do IBGE (ASSIBGE), para compreender o cenário.

A tensão entre o sindicato e o IBGE teve início no ano passado, depois da criação da Fundação de Apoio à Inovação Científica e Tecnológica do IBGE, chamada de IBGE+. O braço da instituição produz projetos e pesquisas para empresas privadas. No entanto, a servidora, ouvida pela CNN, relata que a concepção da Fundação IBGE+ pegou os servidores do Instituto de surpresa.

A gente tem enfrentado, desde setembro, problemas de diálogo e de participação, inclusive de desqualificação da gestão Márcio Pochmann dos técnicos da gestão. Fomos pegos de surpresa com o registro em cartório de uma Fundação Pública de Direito Privado, cujo nome era IBGE+”, contou Clician.

“No processo de tomada de conhecimento do que foi essa instituição, começamos a ter o fechamento de portas, tanto de solicitação de reuniões do sindicato, como também de posicionamentos do corpo técnico, a respeito dessa proposta de mudança institucional para o IBGE. Não estamos sendo ouvidos a respeito dos riscos que compreende essa fundação, nos termos em que ela está sendo, no caso, para o IBGE“, prosseguiu.

Em setembro de 2024, uma carta sem autor com críticas à gestão Pochmann, e um pedido de exoneração do presidente do IBGE, chegou a circular entre servidores do instituto. Intitulado como “Declaração Pública dos Servidores do IBGE”, o documento apresenta o IBGE+ como pivô das insatisfações dos empregados.

“A gestão Pochmann fez uma proposta inovadora de abrir espaços de diálogos, no qual qualquer servidor poderia se inscrever. E aí criaram grupos de trabalho, e a gente fazia debates nesses grupos. Esses espaços produziram livros, registros, e aí ele [Pochmann] colocou esses documentos debaixo do braço, foi a Brasília e disse que o projeto Fundação Pública de Direito Privado IBGE+ era um resultado desse processo de diálogo com o corpo técnico. E não foi assim”, afirma Clician.

Essa Fundação Pública de Direito Privado não foi colocada, em nenhum momento, para debate ou discussão nesses espaços criados para diálogo. O projeto possuí muitos riscos na sua implementação. Então, quando a gente começou a se interessar nesses problemas técnicos desse projeto, dos riscos institucionais que esse tipo de organização tem, nós não fomos ouvidos. Nem o corpo gerencial, nem o corpo sindical. Eles estão fechados a qualquer escuta“, narra a conselheira.

Ao longo da conversa, Clician elencou quais são os riscos, na avaliação dela, da elaboração da Fundação IBGE+.

“Os termos do estatuto dessa Fundação Pública de Direito Privado não se assemelham ao texto da Fundação Nacional de Saúde, que atua aqui no Rio de Janeiro, na gestão dos hospitais federais e que o principal escândalo foi a contaminação por HIV no processo de transplante [de órgãos]. É um formato institucional que está sendo debatido e criticado como meio de controle social na exploração do patrimônio público”, argumenta Clician.

“Existe neste texto ainda, um artigo que diz que essa fundação tem as mesmas atribuições do IBGE, como, por exemplo, fazer pesquisas. Esse tipo de arranjo institucional é conhecido. Temos o Butantan – o Instituto Butantan, que é público, e a Fundação Butantan, que é privada – e, ao longo dos anos, houve uma transferência das atividades do Butantan público para o Butantan privado. A gente tem um risco muito grande nesse formato, nessa articulação da transferência das atividades para essa fundação privada“, finaliza.

A CNN entrou em contato com o IBGE para comentar as declarações da servidora e aguarda retorno.

Exoneração

Em janeiro deste ano, os diretores Elizabeth Hypolito e João Hallak Neto pediram exoneração e deixaram os cargos devido ao descontentamento com a gestão de Pochmann.

Além disso, no último dia 15, o ASSIBGE divulgou um comunicado criticando a criação do IBGE+ e afirmando que o braço foi desenvolvido “paralelamente e em segredo”.

Na ocasião, Pochmann rebateu as críticas e declarou que os servidores estavam divulgando mentiras.

Conforme noticiou a CNN no último dia 20, também circulou uma carta aberta, assinada por mais de 100 servidores do instituto, com críticas ao presidente do IBGE.

*Com informações de Rebeca Borges, da CNN, em Brasília

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