As metas climáticas definidas por companhias globais são ultra-agressivas e, em alguns casos, pouco realistas. Mesmo assim, a indústria descarbonização avança.
Esta é a visão de Gustavo Pimenta, executivo-chefe da Vale, em entrevista ao Estadão/Broadcast. Ele avalia que há fatores que ajudam a afastar o pessimismo, mesmo com cenário desafiador.
“Vários líderes estão percebendo que não é possível descarbonizar certas indústrias porque o custo é desproporcional”, disse.
Segundo o executivo, é preciso ser realista nos objetivos propostos.
“Não dá para a gente prometer algo que o acionista não vai aceitar porque a sociedade não vai topar pagar. Eu me sinto — e vejo que o setor também está — mais confortável em relação às metas. Descarbonização é o nosso negócio. Essa é a parte interessante do negócio da Vale”, disse.
Apesar das posições de Donald Trump em apoio aos combustíveis fósseis, o cenário mundial de descarbonização deve seguir avançando, e grandes empresas não conseguirão se afastar desta agenda.
“Os EUA seguiram implementando um volume enorme de energia renovável […] Apesar de todos os desafios e retórica, no geral, tem sinais positivos, porque as empresas estão seguindo as suas políticas, porque esses caminhos (rumo à descarbonização) são necessários”, explica o executivo, que assumiu o comando da mineradora em outubro do ano passado.
Pimenta, que participa do Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça, afirma que há comprometimento dos líderes para a agenda de energia renovável é grande e perceptível.
Apesar de todas as discussões relativas às políticas ambientais dos EUA, como à saída do Acordo de Paris, o país comandado por Trump ainda deverá implementar um volume enorme de energia renovável.
Já no meio empresarial, Pimenta espera que a trajetória de descarbonização seguirá sendo implementada com menos apoio e mais volatilidade.
“Uma palavra que podemos esperar é volatilidade. Mas eu não estou negativo”, afirma.
O executivo destaca que companhias como a Vale, devem ser mais resilientes no médio e no longo prazos dentro deste contexto.
“Eu não diria que estou otimista ou negativo. Tenho uma visão mais balanceada, que vamos seguir avançando, mesmo nesse cenário mais desafiador […] Para a Vale, é um cenário construtivo, não diria ultra otimista, mas construtivo”, pontua Pimenta.
Pimenta vê que Brasil tem potencial de liderar essa transição energética a partir dos minerais críticos, com a Vale se beneficiando desse cenário.
“A descarbonização é realmente um negócio que a gente vê com ótimos olhos, e estamos trabalhando para fazer com que os nossos clientes possam acelerar o processo de descarbonização”, disse.
O executivo destaca que parte dos esforços da empresa está nas parcerias para aumentar presença no mercado de energia renovável.
“Temos duas plantas de briquete em Vitória e estamos olhando para coinvestimentos com os nossos clientes, por exemplo, no Oriente Médio. A ideia é criar um megahub no Oriente Médio e no Brasil, no Norte e Nordeste, onde há maior penetração de energia renovável”, explica.
O executivo destaca que a transição para uma indústria deverá ser mais demorada devido à intensa matriz de capital necessária para a produção de aço verde.
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