“O Banco Central virou uma entidade de estado e não de governo, como era antes”, afirma o ex-diretor do Banco Central (BC), Luiz Fernando Figueiredo, em entrevista exclusiva à CNN Brasil, no CNN Entrevistas. O programa vai ao ar neste sábado (25), às 21h.
A avaliação de Figueiredo leva em consideração a entrada de Gabriel Galípolo na presidência do BC em 2025, a primeira transição entre gestões desde a aprovação da independência da autoridade, em 2021.
Indicado do presidente Lula, Galípolo assumiu o comando após seguidas críticas do governo às altas taxas de juros brasileiras. Ele e os outros novos diretores do Copom, também indicados pelo atual governo, votaram a favor de novos aumentos na Selic nas últimas reuniões — e projetam uma taxa básica em 14,25% até março.
O objetivo é combater a inflação, que fechou 2024 em 4,83%, acima da meta. Segundo projeções do Boletim Focus, deve estourar novamente o teto da meta neste ano.
“Eu diria com bastante confiança, que o Galípolo sabe, e o grupo do Banco Central sabe o que tem que fazer”, disse Figueiredo durante sua participação ao CNN Entrevistas.
Outro bom sinal, segundo ele, é a nova composição do Copom, com os membros que assumiram diretorias neste ano. “São gente muito boa. Gente que está lá pra tomar decisão técnica.”
A relação entre o executivo federal e a autoridade monetária deve melhorar. Galípolo recebeu votos de confiança de Fernando Haddad e de Lula ao assumir o cargo.
Luiz Fernando Figueiredo diz que é bem provável que haja uma maior coordenação daqui para frente e que deve ficar mais fácil fazer o que precisa ser feito.
Quando perguntado se vê espaço para que o Banco Central tente mudar a metodologia tradicional de controle da política monetária, Figueiredo respondeu: “Eu gosto de olhar menos para quem tá fazendo e mais para o que está fazendo. O que estão fazendo são coisas típicas de Banco Central. Não estão pensando em bobagem, em coisas heterodoxas”.
Um teste de fogo foi a forte escalada do câmbio em dezembro de 2024. O dólar atingiu uma máxima de R$ 6,26 com a forte saída de dinheiro do país, o que motivou uma série de intervenções do BC com leilões de moeda estrangeira.
“Ele [BC] tinha que atender aquilo para que houvesse certa estabilidade, o Banco Central não está defendendo uma taxa de câmbio.”
Reforma tributária cria “nanoempreendedor”; entenda nova categoria