Ex-presidente da OAB-PR, o advogado José Lúcio Glomb deixou a vice-presidência do Athletico nessa quarta-feira (29), um dia após o presidente Mario Celso Petraglia fazer gestos obscenos em direção à torcida instantes depois do empate com o Cianorte, pelo Campeonato Paranaense, na Ligga Arena.
Para ele, foi a gota d’água. Apesar de longa amizade com Petraglia (e o reiterado pedido para permanecer), Glomb manteve a decisão de deixar o clube, tomada semanas antes da queda do Furacão à Série B.
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“Sairia no ano passado, mas refleti. O Mario estava doente e achei que isso poderia causar algum problema a mais para ele. Em segundo lugar, achei que abriria uma crise na diretoria numa época de luta contra o rebaixamento e ficaria muito ruim”, explica Glomb.
“Então, esperei o tempo passar – até pensando que pudéssemos evitar a Série B. Mas no período depois do rebaixamento, da segunda semana de dezembro até metade de janeiro, não houve nenhuma reunião do Conselho Administrativo. Até comentei com colegas da diretoria que seria muito importante que a gente se reunisse no dia seguinte ao rebaixamento, mas não aconteceu”, lamenta.
Principal erro do Athletico
Centralizador, Petraglia seguiu isolando os outros membros da diretoria no trabalho de reconstrução do Athletico para 2025. Exatamente da mesma forma que acontecia o fluxo interno antes de sua internação por motivos de saúde.
Para Glomb, seria necessário agir diferente e, principalmente, pensar na criação de novas lideranças dentro do clube.
“Eu diria que a principal dificuldade do Athletico foi que o presidente ficou doente, infelizmente, e ele não não passou o bastão para que nós pudéssemos trabalhar, ajudá-lo. Na minha ideia, o presidente devia já começar a apontar o caminho para outras possíveis pessoas que viessem no futuro, pudessem até atuar para o Athletico, encaminhar uma sucessão, por que a pessoa [Petraglia] não é eterna, né?”
Outra lamentação do agora ex-dirigente rubro-negro é ter ficado afastado do futebol, mas não por vontade própria.
“Eu poderia ter viajado com o clube, estar mais no dia a dia. Até me propus a isso, mas não acharam que era necessário. O próprio presidente tinha pedido para eu me inteirar mais no CT, ter mais informações. Eu era bem tratado, mas eu precisava ter mais autoridade”, diz Glomb, que prefere não citar o nome de quem o barrou das viagens com a delegação para não causar mais problemas.
Glomb fala sobre movimento que queria afastamento de Petraglia
Sobre o movimento de torcedores que pede ao Conselho Deliberativo do Athletico o afastamento de Petraglia do cargo e a nomeação de José Lúcio Glomb como presidente, o próprio afirma que nunca participou dessas movimentações.
“Recebi sempre muitas ligações e visitas de pessoas do Athletico. Eu dizia a eles que tinha a intenção de sair do clube, essas pessoas ali me pediam que eu não saísse. Então, de repente, fui surpreendido com esse manifesto. Mas não participei de absolutamente nada dele. Acho que é de um grupo de atleticanos que realmente que tem uma paixão pelo clube, mas não tive nenhuma ação nesse processo”, fala.
“Agradeço a consideração pelo meu nome. Embora todos tenham dito que me aprovavam, sabiam que eu não conseguia realizar mais [no Athletico] pelo sistema que existe. Não havia como fazer alguma coisa a mais”, completa.
Futuro do Athletico com Petraglia
De longe, Glomb segue torcendo para que o Athletico encontre seu rumo novamente, torce para que isso aconteça sem uma guerra entre Petraglia e a torcida.
“Seria um exercício de futurologia [dizer que é um erro que o Petraglia permaneça]. É um presidente histórico, que construiu muita coisa. Mas, com toda franqueza, não significa que ele deva abrir alguma guerra contra a torcida ou imprensa, nada disso. Sou uma pessoa que penso que sem torcida não há clube, o clube existe porque existe torcida”, aponta.
“Petraglia teve esse problema de saúde e isso seguramente interferiu nessa perspectiva do ano passado. Agora ele está melhorando, espero que consiga melhorar de verdade e que o futuro do Athletico seja bom”.