O Banco Central Europeu (BCE) cortou a taxa de juros novamente nesta quinta-feira (30) e manteve a porta aberta para um maior afrouxamento da política monetária, uma vez que os temores com o crescimento econômico da zona do euro superam as preocupações com a inflação persistente.
Esse foi o quinto corte de juros pelo BCE desde junho e os mercados esperam mais duas ou três reduções neste ano, impulsionadas por argumentos de que o maior aumento da inflação em gerações está quase superado e que a economia precisa de alívio.
O BCE reafirmou que a desinflação está “bem encaminhada” e acolheu o crescimento mais lento dos salários, o que deve ajudar a reduzir a inflação na parte da economia voltada para o mercado interno.
“O crescimento dos salários está se moderando, conforme esperado, e os lucros estão amortecendo parcialmente o impacto sobre a inflação”, disse o BCE no comunicado que acompanha a decisão.
Com a estagnação da economia da zona do euro no último trimestre devido a uma recessão industrial e a um consumo fraco, o BCE deve manter sua trajetória de afrouxamento mesmo depois que o Federal Reserve manteve os juros inalterados e sinalizou uma longa pausa.
É provável que os membros do BCE tenham demonstrado alívio na reunião depois que o novo governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, não impôs tarifas de importação universais como se temia, embora as ameaças que ele fez tenham lançado uma sombra sobre as perspectivas.
É improvável que a presidente do BCE, Christine Lagarde, se comprometa explicitamente com mais cortes em sua coletiva de imprensa, às 10h45 (horário de Brasília).
Mas ela deve repetir sua orientação de longa data de que a direção da política monetária é clara e que o risco de uma guerra comercial com os EUA pode minar ainda mais o fraco crescimento.
A inflação na zona do euro, que subiu 2,4% em dezembro, ainda pode levar alguns meses para voltar à meta de 2% do BCE, mas há pouco para desafiar a narrativa de que tudo está no caminho certo.
O crescimento dos salários está diminuindo, o mercado de trabalho está se moderando, os preços do petróleo saíram das máximas do início do ano e a firmeza incessante do dólar parece ter parado por enquanto.
É provável que algumas vozes ainda argumentem que a pressão dos custos de serviços continua alta demais, mas esse é mais um argumento a favor do gradualismo do que de uma pausa.
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