A Escola Estadual Mário de Andrade, localizada no município de Castanheira, a 779 km de Cuiabá, permanecerá em funcionamento após uma decisão liminar da Justiça que barrou o fechamento da unidade, planejado pelo governo de Mato Grosso. A escola do campo atendia entre 80 e 100 alunos da região, que chegaram a ser remanejados para outras unidades situadas a até 17 km de distância.
Apesar da vitória judicial, o impasse persiste. Muitos dos profissionais da escola, grande parte deles interinos, foram deslocados para outras unidades devido ao processo de atribuição da Secretaria de Estado de Educação (Seduc). Além disso, a Semana Pedagógica, essencial para organizar o projeto político-pedagógico da unidade, não foi garantida, comprometendo o planejamento para o ano letivo.
O caso da EE Mário de Andrade reflete uma preocupação maior com o enfraquecimento da educação pública nos últimos seis anos, período correspondente às duas gestões do governador Mauro Mendes. O secretário-adjunto de Políticas Educacionais do Sindicato dos Trabalhadores no Ensino Público de Mato Grosso (Sintep-MT), Gilmar Soares, critica a postura da administração estadual. “Ao invés de cumprir a legislação e garantir escolas próximas às residências, ampliando turmas e investindo no ensino integral, o governo fecha unidades e deixa de atender estudantes do campo e trabalhadores que não puderam concluir os estudos no período regular”, afirma.
A tentativa de fechamento da escola gerou mobilização na comunidade, que resistiu à decisão do governo. O dirigente da regional Noroeste do Sintep-MT, Carlito Rocha, destacou que visitou a unidade em dezembro, ao lado da presidente da subsede do sindicato em Castanheira, para entender os motivos da desativação. Segundo ele, o governo tem dificultado o acesso à educação e forçado a população a lutar pelo cumprimento de direitos básicos. “Milhões são gastos em convênios e parcerias que não garantem aprendizado e apenas concentram recursos públicos nas mãos de empresários”, critica.
Enquanto o caso segue na Justiça, a indefinição quanto ao funcionamento da escola e a situação dos profissionais continua gerando insegurança para a comunidade escolar, que teme novos retrocessos no atendimento aos estudantes da região.