O setor público brasileiro enfrenta um cenário preocupante com o anúncio do maior déficit primário das estatais desde o início da série histórica.
Em 2024, o rombo atingiu a marca de R$ 8,073 bilhões, superando em quatro vezes o pior resultado anterior, registrado em 2014.
Claudio Felisoni, economista e professor da FIA Business School, em entrevista ao CNN Money, classificou a situação como um “descalabro”.
Segundo o especialista, o cenário atual representa uma reversão na trajetória de recuperação das contas das estatais que vinha sendo observada nos últimos anos.
Felisoni apontou três principais fatores para o déficit recorde:
- Gastos ineficientes e falta de diretrizes claras na gestão de investimentos;
- Interferência política na administração das empresas estatais;
- Alto custo de pessoal e passivos trabalhistas.
O economista ressaltou que a interferência política é particularmente problemática, pois muitas vezes resulta em diretorias que respondem mais a chefes políticos do que aos presidentes das organizações, levando a um desperdício de esforços e recursos.
O Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos informou que as 20 empresas estatais aumentaram seus investimentos em 12,5% em 2024, comparado a 2023, totalizando pouco mais de R$ 5 bilhões.
Este valor representa 83% do déficit de R$ 6 bilhões aferido no ano.
Apesar do governo justificar o déficit como resultado de investimentos necessários, Felisoni argumenta que é essencial avaliar a eficácia desses gastos.
“Muitos desses investimentos são investimentos que não têm dado resultado. Quais são os interesses que orientaram esses investimentos?”, questiona.
O cenário para 2025 é desafiador, considerando o aumento das taxas de juros e as pressões inflacionárias. Felisoni enfatiza a necessidade de uma gestão mais eficiente e transparente das estatais para evitar um agravamento da situação fiscal.
O economista conclui que a pressão social e a divulgação dessas informações são cruciais para promover mudanças na gestão das empresas estatais.
“A única maneira de colocar essas coisas dentro de uma certa ordem é essa pressão social, essas informações”.
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