Terrenos subutilizados sob as linhas de transmissão de energia elétrica da Enel Distribuição São Paulo estão sendo transformados em espaços produtivos dedicados à agricultura urbana.
A iniciativa, que já beneficia dezenas de produtores, também busca a integração comunitária em áreas de alta vulnerabilidade social.
A ideia tem dado tão certo que foi produzido um estudo para avaliar a percepção dos 75 agricultores cadastrados no programa nas 50 hortas atualmente ativas.
A pesquisa revelou que 100% dos participantes relataram melhora na disposição física, 93,6% notaram benefícios diretos à saúde pelo acesso a alimentos frescos e nutritivos, 85,2% destacaram maior integração comunitária, além de 74,1% terem registrado economia doméstica e mais da metade (66,7%) perceberam que houve aumento na diversidade da fauna local.
“O Hortas em Rede é mais do que um projeto de agricultura urbana. É uma transformação social que impacta a vida de milhares de pessoas”, comenta Guilherme Lencastre, presidente da Enel Distribuição São Paulo.
De acordo com ele, os resultados alcançados levam a companhia a planejar expandir a iniciativa para outras regiões do país onde atua, casos de Ceará e Rio de Janeiro. Questionada pela reportagem, a empresa disse que ainda não detalhou o plano para a instalação das futuras hortas nas outras praças de concessão.
A coordenadora do projeto, Carolina Afonso, destaca que não basta selecionar uma área e iniciar o cultivo. “Precisamos avaliar questões como descarte irregular de resíduos, depredação, viabilidade econômica e, principalmente, o impacto socioambiental que essa horta trará para os agricultores e a comunidade. Nosso foco é sempre a inclusão social e a inovação”, disse.
Hortas transformando vidas
Agricultor de São Mateus e um dos beneficiados pelo Hortas em Rede, Rafael Maroni conta que o cultivo de hortaliças se tornou sua principal fonte de renda e proporcionou uma nova perspectiva de vida.
“Troquei a música pela terra, algo que sempre esteve na minha família. Hoje, o cultivo de alface, além de ser o nosso sustento, também impacta positivamente a comunidade”, relata.
Entusiasta do programa, a pesquisadora do Ministério do Desenvolvimento Social Elisa Carvalho ressalta a urgência de combater a insegurança alimentar diante das mudanças climáticas. “É essencial ocupar áreas urbanas e periurbanas com projetos que integrem serviços ambientais e sociais. A agricultura pode e deve acontecer em qualquer espaço disponível”.