Safra de conilon caminha bem, mas produção de arábica encolhe

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As lavouras de café arábica e conilon vivem cenários distintos nos principais Estados produtores do Brasil nesta temporada 2025/26. Em Minas Gerais, que responde por 48% da produção nacional do grão e por 70% da colheita de arábica, a safra deve ser menor, ainda influenciada por problemas climáticos do ano passado. No Espírito Santo, que tem 29% da produção nacional de cafés e responde por 69% do café conilon nacional, o clima está mais favorável e a safra deve ser maior este ano.

Segundo Sérgio Brás Regina, coordenador técnico da Emater-MG, a estiagem e as altas temperaturas que afetaram Minas Gerais em agosto e setembro fizeram os cafezais perder flores e raízes. Parte das lavouras também perdeu folhagem por escaldadura devido às altas temperaturas. Com menos raízes e folhas, os cafezais abortam mais frutos na fase inicial.

“De lá para cá tem chovido bem, favorecendo a recuperação das lavouras. Mas o que foi perdido não se recupera mais”, afirma. Regina observou que o plantio de conilon se desenvolve normalmente. A previsão para a espécie por enquanto é de um aumento de 25%, para 486 mil sacas. Para o arábica, a estimativa é de queda de 12,1%, para 24,3 milhões de sacas. As projeções da Emater-MG estão alinhadas com as divulgadas em janeiro pela Conab. Os números serão revistos na segunda quinzena do mês.

Thales Fernandes, secretário de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais, acrescenta que o café é uma cultura bienal e este ano é de produção menor no arábica. “Com a estimativa de redução do volume, estoque limitado e demanda firme, o cenário se mantém positivo para os produtores”, acrescenta.

Na avaliação de Marcelo Jordão, engenheiro agrônomo e coordenador da unidade de pesquisa da região da Alta Mogiana da Fundação Procafé, ainda não é possível quantificar as perdas, mas a queda dos ‘chumbinhos’ no café está mais forte este ano do que em 2024.

“Essa queda ocorre até a metade do mês e pode impactar na produtividade de um ano que já está ruim. O lado positivo é que a produtividade tende a ser melhor em 2026. “Quando a planta reduz a produção na safra corrente, ela gasta menos energia com os grãos. Então os ramos crescem mais e a produtividade melhora no ano seguinte”, disse.

No Espírito Santo, o clima está favorável, com temperaturas e chuvas em níveis adequados, afirma Enio Bergoli da Costa, secretário de Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca do Espírito Santo. “Se o clima continuar adequado em fevereiro, teremos uma safra parecida com a de 2022, que foi recorde, com 12,3 milhões de sacas”, diz.

Para a produção do café arábica, o Estado espera produção menor devido à bienalidade da cultura — a previsão é que fique pouco acima de 3 milhões de sacas. Na safra passada, a colheita somou 4 milhões de sacas em 2024.

O Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) estima uma produção de 11,8 milhões de sacas, aumento de 2 milhões de sacas em relação à safra passada. Fabiano Tristão, coordenador de cafeicultura do Incaper, observa que, além do clima favorável, houve renovação de uma parcela importante dos pés de conilon, com adoção de clones mais produtivos.

AF News

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