O dólar à vista fechou as negociações desta terça-feira (11) em queda ante o real, um dia após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, oficializar a imposição de tarifas sobre as importações de aço e alumínio para o país, e depois do chair do Federal Reserve, Jerome Powell, afirmar que o banco central dos EUA não tem pressa em cortar a taxa de juros novamente.
Os investidores também avaliavam dados de inflação no Brasil.
A moeda norte-americana encerrou a sessão em baixa de 0,31%, a R$ 5,7682 na venda. Na segunda-feira (10), o dólar à vista fechou em leve baixa de 0,12%, a R$ 5,7859.
Já o Ibovespa, referência do mercado acionário brasileiro, finalizou com ganhos de 0,76%, a 126.521,66 pontos, puxado por Carrefour Brasil, que enviou proposta do controlador para ser o único dono do varejista, enquanto TIM Brasil também teve desempenho robusto após resultado trimestral e divulgação de previsões.
Tarifas de Trump
Na segunda-feira, Trump elevou substancialmente as tarifas sobre importações de aço e alumínio para 25%, “sem exceções ou isenções”, em medida para ajudar a indústria dos EUA, mas que aumenta o risco de uma guerra comercial em várias frentes.
No caso do alumínio, ele elevou a taxa tarifária para 25% em relação à taxa anterior de 10% e eliminou exceções de países e acordos de cotas, bem como centenas de milhares de exclusões tarifárias específicas de produtos para ambos os metais.
Uma autoridade da Casa Branca confirmou que as medidas entrarão em vigor em 4 de março.
Trump também tem repetido que anunciará nesta semana tarifas recíprocas voltadas aos países que impõem taxas sobre os produtos dos EUA.
Uma vez que as medidas impactam diretamente as exportações de países emergentes, como Brasil e México, o dólar avançava sobre seus pares emergentes nesta sessão, com ganhos ante o peso mexicano, o rand sul-africano e o peso chileno.
Para além dos efeitos sobre o comércio global, os investidores também veem as políticas comerciais de Trump como inflacionárias, o que pode forçar o Federal Reserve a manter a taxa de juros elevada por mais tempo, favorecendo a divisa norte-americana.
No entanto, os ganhos do dólar eram contidos, tanto ante os pares fortes como emergentes, sendo que no Brasil a moeda tinha dificuldades de se sustentar em alta.
Segundo analistas, um motivo para isso seria que parte do efeito do anúncio de Trump já havia sido precificado na sexta-feira, quando ele sinalizou pela primeira vez sobre a possibilidade de impor as tarifas recíprocas.
“Isso não gerou a aversão ao risco esperada ontem, porque parte do processo já havia ocorrido na sexta-feira”, disse Matheus Spiess, analista da Empiricus Research.
Analistas também apontam para a mudança de percepção dos mercados quanto às ameaças tarifárias, que agora são vistas muito mais como uma tática de negociação do que uma medida de médio ou longo prazo.
Os agentes financeiros também aguardam para saber o que autoridades do Fed pensam sobre as medidas de Trump e seu possível efeito na política monetária dos EUA, uma vez que elas têm evitado comentar sobre o assunto antes de poderem observar o impacto sobre a economia.
Isso pode mudar nesta segunda, uma vez que o chair do Fed, Jerome Powell, participa de audiência no Congresso dos EUA a partir de 12h (horário de Brasília).
Na cena doméstica
O IBGE informou que o IPCA desacelerou para uma alta de 0,16% em janeiro na base mensal, assim como esperado por analistas em pesquisa da Reuters, de avanço de 0,52% no mês anterior.
No entanto, em 12 meses, o índice registrou alta de 4,56% em janeiro, de 4,83 em dezembro, mantendo-se acima do teto da meta de inflação perseguida pelo Banco Central – com centro de 3% e margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.
“A inflação deve voltar a acelerar ao longo do ano, em um processo de inflação elevada e desaceleração da atividade. É um contexto complicado”, disse Spiess.
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*Com informações da Reuters