O Sindicato dos Trabalhadores do Ensino Público (Sintep) de Lucas do Rio Verde realizou uma assembleia geral na noite desta quarta-feira (12) para discutir a indefinição sobre o índice de Reajuste Anual Geral (RGA) dos profissionais da educação. O encontro ocorreu após reunião da diretoria do sindicato com vereadores, na qual foram apresentados dados que evidenciam a defasagem salarial dos professores e a necessidade de um reajuste que acompanhe o crescimento econômico do município. Além de agendar uma nova assembleia para a próxima semana, a categoria deflagrou estado de greve.
Ericksen Carpes, secretário do Sintep, destacou que, desde o ano passado, o sindicato tem buscado diálogo com o Executivo municipal, mas sem sucesso. “Infelizmente, não tivemos avanços, e isso nos preocupa. Lucas do Rio Verde é uma das cidades que mais crescem no mundo, com taxas anuais de 20% a 25%, mas os educadores estão empobrecendo ano a ano”, afirmou.
Carpes apresentou dados que mostram a queda no valor relativo dos salários dos professores. Em 2009, quando foi criado o piso nacional do magistério, Lucas do Rio Verde pagava 2,88 vezes o valor do piso. Atualmente, o município paga apenas 1,66 vezes o piso. “Se continuarmos nesse ritmo, logo estaremos pagando apenas o piso, em uma cidade com custo de vida elevado, aluguéis altos e déficit habitacional. Os professores estão fazendo malabarismos para fechar as contas no fim do mês”, alertou.
Impactos na qualidade da educação
A presidente do Sintep, Márcia Botim Barbosa, reforçou que a defasagem salarial afeta diretamente a qualidade da educação. “Um salário atrativo atrai bons profissionais, e isso reflete no atendimento à população. Quando precarizamos a carreira, perdemos talentos. No último concurso, muitos profissionais chamados não assumiram, e outros já pediram exoneração porque a carreira não é atrativa”, explicou.
Márcia também destacou que o sindicato protocolou um pedido na Câmara Municipal para discutir a situação com o Legislativo, após tentativas frustradas de diálogo com o Executivo. “Apresentamos nossos números e reivindicamos um reajuste de 10,27%, além de um plano de reestruturação dos 22,5% que ficaram pendentes na gestão anterior. Precisamos evitar que o salário dos professores continue sendo achatado”, afirmou.
Estado de greve e próximos passos
Durante a assembleia, os professores presentes decidiram entrar em estado de greve, aguardando uma proposta concreta do Executivo. “Deflagramos uma assembleia para a próxima semana e colocamos estado de greve. Vamos aguardar o que o Executivo tem a propor e levar à categoria uma decisão”, explicou Márcia.
O sindicato também defende que o RGA dos servidores da educação seja diferenciado, com base nos recursos específicos do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb). “Temos um recurso próprio que permite um tratamento diferenciado para os profissionais da educação. É uma questão de legislação e de justiça com a categoria”, afirmou Ericksen.
Apelo ao diálogo e solução justa
O Sintep reforçou a importância de um diálogo aberto e transparente com o Executivo e o Legislativo para encontrar uma solução que beneficie tanto os professores quanto a população de Lucas do Rio Verde. “Educador bem remunerado atrai bons profissionais, e isso reflete na qualidade do ensino. Lucas merece ter os melhores profissionais, e para isso, é preciso valorizar a carreira”, concluiu Márcia.
A próxima assembleia está marcada para a semana que vem, quando a categoria decidirá os rumos da mobilização, dependendo das propostas apresentadas pelo governo municipal.