Um leilão beneficente de sêmen e óvulos de equinos está mobilizando criadores do Brasil e do exterior para arrecadar recursos destinados ao tratamento de Júlia Pontes Teixeira Domingues, de quatro anos, diagnosticada com lipofuscinose ceróide neuronal tipo 7 (CLN7). A doença, extremamente rara, afeta progressivamente funções motoras, cognitivas, de fala e visão, reduzindo drasticamente a expectativa de vida.
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A iniciativa faz parte da campanha “Salve a Julinha”, lançada pelos pais da criança para viabilizar o tratamento, cujo custo é estimado em R$ 18 milhões. Desde o diagnóstico, em dezembro de 2024, a família tem promovido ações para arrecadar os recursos necessários antes que a doença avance para um estágio irreversível.
Mobilização no setor de equinos
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A ideia do leilão partiu de familiares de Júlia que atuam no setor de criação de cavalos em São Domingos do Prata (MG). A princípio, a ação reuniu amigos próximos, mas rapidamente ganhou grande proporção. Hoje, o grupo de WhatsApp onde os lances são registrados conta com mais de mil participantes do Brasil e do exterior.
O leilão inclui 210 lotes com doações vindas de estados como Espírito Santo, Bahia, Alagoas, Goiás, Rio de Janeiro e São Paulo. As doações incluem as raças de cavalo mangalarga marchador e piquira, além de jumento-pêga, com coberturas de grandes campeões nacionais. Até o momento, a iniciativa já arrecadou R$ 100 mil, mas ainda há um longo caminho até atingir a meta final.
O pai da menina, Alan Domingues, destacou a importância da mobilização. “Estamos comovidos com o envolvimento das pessoas e o carinho que a Julinha está recebendo. Esse leilão já é a maior mobilização beneficente que nossa família presenciou. Mas ainda precisamos de todo apoio possível, porque o tempo é essencial para salvar minha filha”, afirmou.
Como participar do leilão
Os interessados têm até 15 de fevereiro para fazer seus lances. As informações sobre os lotes disponíveis podem ser acessadas no site leilaosalveajulinha.com.br, onde também é possível entrar no grupo de WhatsApp do leilão. O valor médio do lance inicial é de R$ 300.
Tratamento e urgência na arrecadação
Os recursos arrecadados serão destinados a uma pesquisa conduzida pela Elpida Therapeutics, uma instituição sem fins lucrativos dos Estados Unidos, em parceria com o Southwestern Medical Center, da Universidade do Texas. O estudo já realizou aplicações iniciais do medicamento em quatro crianças, com resultados promissores.
A medicação não reverte os danos já causados pela CLN7, mas interrompe sua progressão. No entanto, a terceira e última fase de testes clínicos requer um investimento de US$ 3 milhões (R$ 18 milhões) e poderá beneficiar até oito crianças no mundo.
Para que Júlia seja elegível ao tratamento, a doença precisa estar em estágio inicial. Com a rápida progressão da CLN7, cada dia sem o tratamento compromete sua capacidade de resposta à medicação. O processo de fabricação do remédio leva cerca de seis meses, e outros seis são necessários para que o organismo comece a apresentar melhoras.
Vaquinha virtual e apoio nas redes sociais
Além do leilão, os pais da menina criaram uma vaquinha virtual para ampliar as doações. O perfil @salveajulinha, no Instagram, tem sido o principal canal de divulgação da campanha. Até o momento, a iniciativa arrecadou R$ 2 milhões, um valor significativo, mas ainda distante da meta necessária para garantir o tratamento.
A família continua buscando apoio de empresas e da sociedade para acelerar a arrecadação e dar a Júlia a chance de um futuro saudável.